São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995
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Limites do mercado são discutidos

FREDERICO VASCONCELOS
EDITOR DO PAINEL S/A

"A fiscalização é perversa, não permite inovações, e o mercado sempre anda um pouco na frente do regulador das normas". A frase é de um jovem e bem-sucedido presidente de banco brasileiro, tentando justificar multa que recebeu por operações ilegais.
O conceito de que o mercado é auto-suficiente para regular suas práticas —e de que a fiscalização é um entrave à ousadia privada— ganha atualidade com o caso do banco Barings.
Analistas de mercados na Europa e nos EUA alertam para a necessidade de reestudar os limites dos chamados "mercados derivativos". Há quem tema que o episódio Barings tenha reflexo nos mercados brasileiros. Mas é inegável que o caso abre espaço para rediscutir a questão da auto-regulação das Bolsas e a incapacidade de atuar dos órgãos fiscalizadores.
É possível argumentar que os volumes são outros. O ex-presidente da Bovespa Eduardo da Rocha Azevedo alega que, na BM&F, 77 bancos e corretoras garantem o pagamento das aplicações. Ninguém duvida que no caso do Barings havia também instituições dando respaldo.
Diante da sofisticação dos derivativos, um Naji Nahas pode ser considerado um investidor da "idade da pedra". Nos EUA, até cientistas da Nasa são recrutados para esse mercado.
Em recente palestra no Brasil, um diretor da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) admitiu que o órgão já se preocupava com prejuízos dos mercados de derivativos.
No Brasil, as Bolsas fazem uma eficiente "sintonia fina". Mas há um ano o mercado abafou os prejuízos em operações com fianças falsas na BM&F.
Os derivativos estão no "buraco negro" onde não chega a fiscalização da CVM, que, por sua vez, atravessa fase crítica.

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