São Paulo, quarta-feira, 1 de março de 1995 |
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Truffaut e Godard se chocam
INÁCIO ARAÚJO
Essa observação não bastou para evitar as reservas de Jean-Luc Godard (entre outras, graças a Truffaut é que Godard conseguiu fazer seu primeiro filme, "O Acossado"). Godard escreveu uma carta dizendo que Truffaut não mostrou a verdade de uma filmagem. Para mostrá-la, precisaria dizer o que se passou entre ele e a atriz do filme (Jacqueline Bisset) nas filmagens. Por fim, oferecia-se para fazer um filme "verdadeiro" sobre o assunto, se possível com o apoio de Truffaut. É óbvio que Truffaut ficou uma fera e o episódio foi o fim de uma longa amizade. A história tem a ver com dois temperamentos diferentes. Mas a verdade é que Godard tinha certa razão. Para além de sua inegável competência, "A Noite Americana" tem um quê embalsamado: ele se refere aos problemas e à verdadeira loucura de uma filmagem, mas esses problemas e essa loucura estão sempre em outra parte, nunca no filme que estamos vendo. O interesse do filme está em grande parte nesse episódio, que selou a partição da Nouvelle Vague entre o classicismo de Truffaut e o experimentalismo de Godard como olhares antagônicos sobre o cinema e a vida. (IA) Texto Anterior: Monique Evans bota a libido na rua! Próximo Texto: O Carnaval é a festa do puxa-saquismo Índice |
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