São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Medidas satisfazem governo

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Fazenda entende que as medidas tomadas no início deste ano para eliminar o déficit comercial, conter o consumo e aliviar a pressão inflacionária estão funcionando bem e dispensam novas providências imediatas.
Mas segundo o secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente, uma das lições da crise mexicana é a de que não se pode esperar "o caldo entornar". Isto é, a conjuntura exige acompanhamento fino, e reações rápidas. No momento, as coisas vão bem, avalia Parente.
Em fevereiro, o saldo positivo relativo às operações financeiras de exportação e importação chegou a US$ 1,256 bilhão. Os exportadores venderam US$ 4,461 bilhões ao Banco Central e os importadores compraram US$ 3,205 bilhões.
Na "balança comercial física" (diferença entre exportações e importações efetivamente despachadas), o saldo deve ser bem menor. A Fazenda espera equilíbrio em fevereiro e superávit em março.
Os déficits de novembro, dezembro e janeiro assustaram o governo e o levaram, em janeiro, a elevar o imposto de importação de carros e a introduzir diversas medidas dando vantagens financeiras aos exportadores.
Esse conjunto respondeu pelo restabelecimento do equilíbrio na balança comercial. E se a Fazenda considera esse problema resolvido, pelo menos por enquanto, é indicativo de que o governo não pretende desvalorizar o real.
A desvalorização tornaria mais competitivas as exportações e dificultaria as importações. Mas provocaria alta geral de preços nos importados e, daí, em toda a economia.
Na área da inflação, a Fazenda espera alta em março e, especialmente, em abril. Mas o secretário de Acompanhamento Econômico, José Milton Dallari, tem conseguido diluir as pressões inflacionárias.
A expectativa é que a inflação não passe dos 2% mensais, mantendo-se abaixo do surto de alta de outubro, quando os índices ultrapassaram os 3%. As altas e baixas dos índices são inevitáveis. A idéia do governo é conseguir "picos" mais baixos, com tendência de declínio.
Na área do consumo, a Folha apurou que as medidas de contenção do crédito baixadas recentemente tiveram dois objetivos específicos: esfriar o mercado de automóveis, inclusive para reduzir as importações, e segurar as estatais.
As estatais estavam escapando do arrocho com a venda futura de serviços. Assim, se financiavam junto aos clientes e aumentavam seus gastos. O pacote anticonsumo também limitou ao máximo os financiamentos que as estatais e os fundos de pensão concediam aos funcionários.
Com essa sequência de providências, pelos próximos dois meses a Fazenda acredita que poderá encaminhar as reformas estruturais, sem crises na administração da economia.

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