São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Câmbio registra novo déficit em fevereiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil voltou a registrar déficit nas operações cambiais (comércio exterior mais mercado financeiro) em fevereiro. O saldo negativo foi de US$ 171 milhões, abaixo dos US$ 1,435 bilhão em janeiro. O déficit foi menor devido ao melhor desempenho das exportações.
Para este ano, o Ministério da Fazenda está prevendo que o déficit nas transações correntes de moeda estrangeira será de 1% a 2% do PIB (Produto Interno Bruto), portanto acima dos 0,2% do PIB registrados em 1994.
Essa conta, que é o resultado da balança comercial, pagamento de juros da dívida externa e dos investimentos estrangeiros diretos, é importante porque representa quanto o país terá de tirar de suas reservas internacionais ou então obter financiamentos externos para honrar compromissos no exterior.
Em fevereiro, as contratações de câmbio envolvendo exportações e importações tiveram saldo positivo de US$ 1,256 bilhão contra os US$ 484 milhões de janeiro. A alta foi impulsionada pelas medidas de estímulo às exportações, como a ampliação dos prazos e fim do compulsório de 15% sobre os Adiantamentos de Contrato de Câmbio (ACC), operação realizada para financiar exportações.
A recuperação das exportações, porém, não foi suficiente para neutralizar a fuga de capitais no mercado financeiro —onde são efetuados os contratos de câmbio para entrada e saída de capitais, inclusive os aplicados nas Bolsas.
No mercado financeiro, o déficit foi de US$ 1,427 bilhão em fevereiro. No mês anterior, o déficit foi de US$ 1,919 bilhão. Esses números foram divulgados ontem em balanço de um ano de criação da URV e de oito meses do real.
A Fazenda acredita que a balança comercial terá saldo positivo em março, depois dos sucessivos déficits em novembro, dezembro e janeiro —situação que deverá se repetir ainda em fevereiro.
O documento diz que o governo está interessado em estimular o ingresso de capital estrangeiro em investimentos de médio e longo prazos. Para isso, ressalta a importância das mudanças na Constituição —a quebra de monopólios, principalmente, e a continuidade do programa de privatização.
O caixa do Tesouro também deverá registrar déficit em fevereiro, provocado pelo reajuste de salários do funcionalismo público. Para março, a programação financeira trabalha com a perspectiva de superávit, segundo a Fazenda.
Em fevereiro, a base monetária (dinheiro em circulação na economia mais reservas dos bancos depositadas no BC) se manteve contraída. Na posição do dia 24, último dia útil de fevereiro, o saldo era de R$ 15,823 bilhões.
O texto divulgado ontem pela Fazenda diz que "o governo brasileiro não pretende adotar o regime cambial do tipo fixo e nem tampouco um regime cambial totalmente flexível". Diz ainda que a taxa de câmbio é um preço que deve ser livremente formado pelo mercado, sujeito às intervenções do Banco Central.

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