São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Planalto investiga indicações para cargos

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

As nomeações para segundo e terceiro escalões do governo FHC estão demorando de 20 a 25 dias, depois que o candidato foi aprovado politicamente, por causa de investigações policiais e bancárias feitas pelo Palácio do Planalto.
No Planalto, essas investigações passam por dois órgãos, a Casa Civil, do ministro Clóvis Carvalho, e a Secretaria-Geral da Presidência, chefiada por Eduardo Jorge. É generalizada a queixa nos ministérios.
O processo começa pela negociação política. Nesse caso, o ministro ou o secretário-executivo recebem as indicações, feitas por partidos, políticos e outras lideranças, e abrem o processo.
A Casa Civil e a Secretaria-Geral participam diretamente dessas negociações, feitas por telefone ou em conversas diretas, mas sempre sem papel passado. O tempo aí varia.
Uma indicação de um nome do PSDB para ministério comandado pelo PSDB tramita rapidamente. Se o ministério é de partido diferente do indicado, a coisa demora mais.
Em todos os casos, a aprovação final cabe ao Planalto. Isso feito, o ministro comunica a escolha ao candidato, faz o decreto de nomeação, assina e manda o papel para o Planalto.
Isso feito, iniciam-se as outras investigações. Vai-se verificar a ficha bancária, isto é, se o sujeito não deu desfalques, passou cheque sem fundo ou cometeu outras falcatruas do gênero.
E há também uma investigação policial, para saber se o candidato tem ficha limpa na justiça.
São estas duas últimas investigações que demoram de 20 a 25 dias. Só depois que ambas estão concluídas, e se não tiver aparecido qualquer problema, o ministro é autorizado a mandar o decreto de nomeação para ser publicado no Diário Oficial da União.
Todos os indicados passam por esse processo. Entram na fila da investigação mesmo os quadros que ocuparam ministérios ou diretorias de estatais no governo Itamar Franco.
Nos meios burocráticos de Brasília, a Folha apurou as seguintes observações: 1) é estranho que a Presidência da República se reserve justo esse trabalho de investigação policial e bancária; 2) é claro que os "arapongas" do extinto SNI estão em atividade; 3) tem no Planalto uma "bola dividida" entre Carvalho e Eduardo Jorge.

Texto Anterior: FHC e ministros devolvem parte do salário
Próximo Texto: Câmbio registra novo déficit em fevereiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.