São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Reino Unido pode ter plebiscito sobre moeda

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

O primeiro-ministro britânico, John Major, disse ontem que está cauteloso em relação à participação do Reino Unido na adoção de uma moeda única pela União Européia. Major não se comprometeu nem descartou a medida.
Em seu discurso ontem à tarde no Parlamento, o premiê disse que mantém aberta a possibilidade da realização de um plebiscito no país para a questão.
A consulta é defendida pelos conservadores contrários à adoção da moeda única, conhecidos como eurocéticos.
O debate foi aberto por Tony Blair, líder do Partido Trabalhista, autor de uma moção contra a política do governo britânico em relação à Europa.
Apesar da dificuldade em mostrar ao Parlamento uma posição definida sobre o tema, Major acabou recebendo um voto de confiança da maioria dos parlamentares e deveria vencer a votação, programada para o final da noite de ontem.
Tony Blair, favorável a uma maior aproximação do país com a Europa, tentou mostrar em seu discurso a divisão interna do governo em relação ao tema.
O líder trabalhista citou declarações de ministros a favor e contra a unificação da moeda.
Blair disse que Major deveria dizer publicamente se concordava ou não com seu ministro das Finanças, Kenneth Clarke, que recentemente afirmou que a moeda única não era ameaça para a soberania política do Reino Unido.
Alguns eurocéticos criticaram a falta de clareza do primeiro-ministro e disseram que iriam optar pela abstenção na votação de ontem à noite.
Para o conservador Bill Cash, Major pecou por não trazer nenhuma alternativa ao debate e não oferecer uma proposta diferente aos membros do seu partido. Eu fiquei decepcionado com a falta de alguma coisa nova, disse.
Tony Blair afirmou, no início de seu discurso, que iria apenas defender uma nova política para a Europa.
Ele disse que apoiava a política de Major em relação à Irlanda do Norte e não iria fazer concessões aos unionistas para conseguir seus votos e derrubar o governo.
Os unionistas, que ameaçavam votar contra o premiê por causa das negociações que o Reino Unido tem feito com a República da Irlanda, avaliaram que apoiar os trabalhistas não lhes traria resultados e consideravam votar com o governo.
O conservador Teddy Taylor pediu a realização imediata de um plebiscito. Segundo John Major, a idéia será considerada, mas a consulta terá que esperar um momento adequado.

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