São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Major derruba moção contra política para UE

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

O primeiro-ministro britânico, John Major, conseguiu derrubar ontem a moção proposta pela oposição trabalhista contra sua política em relação à União Européia.
A moção recebeu 314 votos, contra 319 parlmentares que apoiaram o premiê. Os unionistas da Irlanda do Norte, contrários ao acordo feito entre Reino Unido e República da Irlanda para a região, votaram ao lado da oposição.
A grande surpresa foi o voto do conservador Norman Lamont, ex- ministro das Finanças, que declarou abertamente apoiar o princípio de maior integração entre os membros da União Européia.
Entre os conservadores independentes, que perderam o apoio do partido no final do ano passado, cinco se abstiveram e quatro votaram ao lado de Major.
O resultado dá fôlego ao primeiro-ministro, mas mostra que ele corre o risco de ser tirado do governo toda a vez que a questão européia voltar a ser discutida no Parlamento.
A posição dos unionistas também mostrou que Major terá mais dificuldades para governar, já que eles vinham garantindo a maioria ao premiê nas últimas votações.
Durante o debate que antecipou a votação, o primeiro-ministro disse estar cauteloso em relação à participação do Reino Unido na adoção de uma moeda única pela União Européia. Major não se comprometeu com a medida, nem a descartou.
Em seu discurso, o premiê disse que mantém aberta a possibilidade da realização de um plebiscito no país para a questão. A consulta é defendida pelos conservadores contrários à moeda única, conhecidos como eurocéticos.
O debate foi aberto pelo líder trabalhista, Tony Blair, favorável a uma maior aproximação do país com a Europa.
Ele tentou mostrar a divisão interna do governo britânico em relação ao tema, citando declarações de ministros a favor e contra a unificação da moeda.
Blair disse que Major deveria dizer publicamente se concordava ou não com seu ministro das Finanças, Kenneth Clarke, que recentemente afirmou que a moeda única não era ameaça para a soberania política do Reino Unido.
Alguns eurocéticos criticaram a falta de clareza do primeiro- ministro. Para o conservador Bill Cash, Major pecou por não trazer nenhuma alternativa ao debate. Eu fiquei decepcionado com a falta de alguma coisa nova, disse.
Tony Blair afirmou que iria apenas defender uma nova política para a Europa. Ele disse apoiar a política de Major para a Irlanda do Norte e que não faria concessões aos unionistas para conseguir seus votos e derrubar o governo.

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