São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Fantasmas ressuscitados

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO — Há uma certa irracionalidade nessa discussão em torno da dispensa em massa de funcionários do Baneser e, em decorrência, da interrupção parcial ou total de serviços indispensáveis que eram prestados por pessoas contratadas por esse braço do Banespa.
No primeiro momento, a mídia festejou as dispensas, velada ou abertamente, como uma espécie de expurgo de fantasmas (ou parte deles) no serviço público.
Num segundo momento, a mesma mídia passa a crucificar, velada ou abertamente, o governo estadual por ter desmontado a área social (ou parte dela), exatamente em razão dos cortes no Baneser antes festejados.
No momento, a impressão que vai prevalecendo é a de que o governador Mário Covas é o carrasco do social.
Pode até ser, mas conviria antes indagar algumas coisinhas elementares. Por exemplo: é normal que guardas de segurança sejam contratados por um conglomerado financeiro para prestar serviços não no conglomerado, mas em escolas?
É normal que músicos sejam contratados por uma dependência bancária como o Baneser? Só seria normal se houvesse concertos diários nas dependências do Banespa, quando o tipo de conserto que o banco requer é com "s" e não com "c".
Na prática, os problemas para o funcionamento da máquina administrativa não foram criados pelas dispensas em massa no Baneser, mas pelo fato de governos anteriores terem transformado o Baneser numa agência de empregos à margem dos mecanismos que regulamentam as admissões ao serviço público.
O volume de queixas é tão crescente e tão bem posto na mídia que se corre o risco de achar que há bons e maus fantasmas, o que é absurdo. Todos os contratados por uma instituição financeira para prestar serviço em outra área são fantasmas.
Se são úteis ou não, é outra discussão, que só se resolve com a contratação do pessoal necessário pelas secretarias às quais prestarão serviços e não por uma instituição financeira.

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