São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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'Há exagero no lado negativo'

SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

Filho de aviador, Evandro, 33, comissário da Varig, não dissimula: é um apaixonado pela aviação. Quando não está a bordo dos aviões da companhia aérea brasileira, aproveita as folgas para dar aulas aos candidatos a tripulantes da escola EWM, em São Paulo.
Ele iniciou sua carreira em 1986 como comissário da Transbrasil, onde ficou dois anos em rotas domésticas. Depois, foi para a Varig. Por falar inglês e alemão, acabou promovido aos vôos internacionais operados pelo Boeing 767.
"Quem acha que começará voando para Paris ou Nova York, é pura fantasia", diz. Todos iniciam suas carreiras como auxiliares em vôos domésticos e, aos poucos, sobem os degraus. Segundo ele, em seis anos pode-se chegar a uma rota internacional.
Mas, acrescenta, que tudo vai depender do mérito profissional e da necessidade da companhia.
Para ele, algumas pessoas exageram muito "no lado negativo da profissão". O descanso é possível —a companhia é obrigada a dar, no mínimo, oito folgas por mês, sendo uma delas de 24 horas após sete dias de trabalho. "Isso não significa que você vai trabalhar os sete dias. Nas escalas internacionais, às vezes você trabalha 16 dos 22 dias obrigados por lei".
Evandro ensina os alunos como procederem em casos de emergência e sobrevivência. Mas há nove anos voando pelo mundo diz ter enfrentado "emergências absolutamente sem graça".
"Nunca me envolvi em nenhum acidente grave, mas já tive frio na barriga provocado por uma invasão de caranguejos", conta.
Num vôo de rotina procedente do Nordeste, uma passageira embarcou com uma sacola repleta de caranguejos vivos.
A sacola se abriu e a passarela do avião foi tomada por esses crustáceos de unhas pontudas. Houve confusão, o avião precisou fazer escala no Rio para ser vistoriado e o vôo atrasou duas horas. Coisas da aviação.
(SGa)

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