São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995 |
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Comitivas ensinam a vida dura do peão
LUCIANA VEIT
Piúva, ingazeiro, jatobá e angico, árvores da região, começam a fazer parte do vocabulário. O olhar vai sendo treinado para encontrar o veado que desaparece no mato, descobrir onde o biguá (ave aquática) que acabou de mergulhar vai aparecer e diferenciar uma garça de uma cabeça seca. Não é tarefa fácil, só de aves são centenas de espécies. Para identificá-las também vale o ouvido, muitos nomes são onomatopéicos. Caso do tachã, do bem-te-vi e das araras. Não é só no ambiente físico que o Pantanal se mostra diferente, a vida do pantaneiro tem vocabulário e regras curiosas. É o que constata quem participa do programa de comitiva que o Refúgio Ecológico Caiman começa a realizar a partir deste mês. Comitiva é a viagem que os peões realizam para levar gado de um local para outro. Um dia antes de partir, o hóspede é apresentado aos peões que levarão o gado, aprende a encilhar (colocar a sela) e a montar. Não é difícil, os cavalos são mansos e mesmo quem nunca montou aproveita o passeio. Basta não se apavorar, não largar a rédea e mostrar firmeza na condução. Apelidos Tudo no Pantanal parece ter apelido, o de alguns peões fazem inveja aos personagens de Guimarães Rosa: Milindú, Cigarrinha, Talismã e Assa-Peixe. Antes de partir, cada um recebe seu dobro, mala que é levada pelos burros, onde vai a rede, o mosquiteiro, a toalha e uma muda de roupa para dormir. No dia seguinte a comitiva parte cedo, às 6h, e se o tempo estiver bom é um prazer levantar a essa hora. Ainda está fresco, o sol começa a subir e os tuiuiús e garças já estão de pé. É a hora de ser apresentado ao seu cavalo: Gemada, Chambica, Lolita ou o Melancia. Texto Anterior: Local tem atrativos na cheia e na seca Próximo Texto: Visitante cavalga, conduz gado e dorme na rede Índice |
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