São Paulo, sábado, 4 de março de 1995 |
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Grupo Corpo começa sua turnê ibérica
JAIR RATTNER
Com a turnê, o Corpo começa a entrar no mercado periférico em relação aos grandes centros da península. "Como não vale a pena pagar a viagem das 27 pessoas da companhia apenas para uma semana, juntei mais três cidades para ficar um mês na Península Ibérica", diz a espanhola Pilar Izaguirre, a empresária do grupo para o continente europeu. Apesar do fracasso de público na primeira noite em Lisboa —perto de 200 pessoas compareceram à sala, onde cabiam 1.300—, os bailarinos foram aplaudidos em pé por quase dez minutos. "Foi uma péssima noite, por ser a quarta-feira de Carnaval", afirmou a empresária. Coreografias "É a nona turnê que fazemos pela Europa e em Lisboa vamos dançar três coreografias: 'Nazareth', '21' e 'Sete ou Oito Peças para um Ballet', conta Rodrigo Pederneiras, o coreógrafo do Grupo Corpo. "Nazareth" é uma coreografia baseada na música de Ernesto Nazareth, que fica na divisa entre o erudito e o popular. Conta também com uma obra composta por Machado de Assis. A coreografia "21" foi criada a partir de uma música baseada em 21 batidas, com a marcação do tempo da dança jogando com o número sete. "Sete ou Oito Peças para um Ballet" é considerada por Pederneiras uma coreografia minimalista, quase serialista, com música do americano Philip Glass, que baseia-se na idéia do video game. Durante a dança a estrutura coreográfica vai sendo desmontada para chegar à simplicidade. Novos mercados A participação do grupo na Bienal de Dança de Lyon, na França, abriu novos mercados para o Corpo fora do Brasil. "Estivemos no ano passado na bienal e foi um estrondo. Eles encomendaram uma viagem para este ano e uma estréia mundial para a próxima bienal, em 1996", afirmou Pederneiras. O grupo Corpo completa 20 anos em outubro de 95 e, para comemorar, vai fazer uma turnê com coreografias antigas pelo Brasil em abril e maio. "Estamos lançando um livro, com mais de 150 fotos, um vídeo e remontando sete balés, que a gente vai levar pelo Brasil", diz Pederneiras. "I Ching" O próximo projeto do grupo é montar um espetáculo chamado "I Ching", baseado na música criada por Marco Antônio Guimarães, do grupo instrumental Uakti, sobre o livro das mutações chinês. "A partitura já está composta e foi toda criada sobre hexágonos e trigramas, vai ser um trabalho mais ou menos sobre o acaso", conta. A criação da coreografia vai começar em abril. Uma das idéias de Pederneiras é colocar um pêndulo grande no palco, para servir de base para diferentes estruturas coreográficas. Sobre o trabalho que vai estrear na Bienal de Lyon de 1996, Rodrigo Pederneiras conta que vai ser uma grande cantata sobre a obra de Bach. Texto Anterior: Guerreiro deve ofertar conquistas Próximo Texto: Sueco prefere o perfil da Bienal paulista Índice |
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