São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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Oposição acha que gesto pode agravar crise

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Políticos mexicanos reagiram ao anúncio da greve de fome do ex-presidente Carlos Salinas de Gortari prevendo que ela poderá agravar a crise política do país.
Ramón Sosomontes, líder na Câmara do PRD (Partido Revolucionário Democrático, da oposição de esquerda), disse esperar momentos de tensão e novos choques entre zedillistas e salinistas.
Ele se referia a correntes no interior do PRI (Partido Revolucionário Institucional), que hoje completa 66 anos no poder e ao qual pertencem tanto Salinas como o presidente Ernesto Zedillo.
Para o presidente do PRD, Porfirio Mu¤oz Ledo, o gesto de Salinas reflete prepotência e arrogância e a alteração de suas faculdades mentais.
Tito Rubin Cruz, deputado do PRI, disse que a greve de fome é um direito dele, se acha que o governo ignora suas petições.
Para Carlos Castillo Peraza, presidente do PAN (Partido de Ação Nacional, da oposição conservadora), o gesto de Salinas é um recurso legítimo.
A atitude do ex-presidente foi manchete dos principais jornais mexicanos, que lembraram que Salinas, durante seu governo (1988-94), ignorou cerca de 800 greves de fome de oposicionistas e líderes sindicais.
A imprensa mexicana também destacou o que chama de fim da impunidade, simbolizada pela prisão do irmão de Salinas, ocorrida na terça-feira.
Em artigo no diário Reforma, o historiador Lorenzo Meyer disse que os políticos mexicanos são comparáveis à Máfia, com sua lei do silêncio que ninguém pode violar sob pena de morte.
Há muita sujeira por aí, mas eu não sei quanto virá à tona. Se Zedillo for atrás de todas as pessoas no governo que têm um passado obscuro, o país vai deixar de funcionar, disse um diplomata.

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