São Paulo, segunda-feira, 6 de março de 1995
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Edmundo é o melhor jogador no Brasil

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Graças a Edmundo, o Palmeiras sai desta rodada com a cabeça erguida. Mas faltou pouco, no sábado, para que se reabrissem velhas feridas. O Palmeiras até que não foi tão mal assim, se considerarmos que o goleiro da Ferroviária foi o melhor em campo, fazendo duas ou três defesas difíceis. Quer dizer: se falhasse em uma ou duas, o Palmeiras não teria de penar tanto para ganhar de 1 a 0, gol, claro, de Edmundo, que, ao jogar a torcida contra a imprensa, parece ter-se livrado da carga que tolhia seu talento inexcedível. Hoje em dia, não é exagero nenhum dizer que Edmundo é o melhor jogador de futebol em atividade no Brasil.
Creio, porém, que seu jogo surpreendente, fluente e produtivo deve-se mais à tarefa que lhe cabe no esquema do técnico Espinosa. Mais solto lá na frente, desobrigado de combater o adversário e tendo ao seu lado jogadores habilidosos como Paulo Isidoro, Válber e Rivaldo, Edmundo desliza pelas pontas e pelo meio do ataque com a cabeça fresca e os pés endiabrados.
É bem verdade que, sábado, Válber jogou mal, sem iniciativa, talvez sob os fluidos negativos de não ter marcado ainda nenhum gol no Palmeiras, ele que no Mogi e no Corinthians era uma armador artilheiro.
E por isso o Palmeiras não conseguiu impor sua superioridade técnica sobre a aplicadíssima Ferroviária.
Ora, como no elenco alviverde não há outro jogador com essas características, sua substituição foi infrutífera. Eis, portanto, boa razão para a chegada do colombiano Lozano: criador hábil, que permitirá a Válber intrometer-se com mais frequência entre Edmundo e Rivaldo.
Agora, só o resta dar tempo ao tempo.

Os mesmos sinais invertidos apontam para o insucesso de Marcelinho, que, no empate de 0 a 0 do seu Corinthians contra a Portuguesa, ontem, num Pacaembu preparado para a disputa de motocross, saiu de campo a pedidos da torcida e do bom senso. Marcelinho, que foi o melhor jogador da temporada passada, não está conseguindo acertar nem seus impecáveis disparos de bola parada.
Pode ser tão somente a chamada má fase. Isso acontece mesmo em futebol, sem que haja uma explicação lógica e plausível. Às vezes, o craque sofre dessas depressões, e não há nada que se possa fazer, a não esperar seu misterioso reencontro com a bola.
Mas algo me diz que a troca de funções de Marcelinho, determinada pelo técnico Mário Sérgio, é que contribuiu para sua queda de produção, embora tenha beneficiado Viola. É que Viola fazia o quarto homem de meio-campo, tarefa agora reservada a Marcelinho, antes um avante mais solto, a exemplo do Edmundo de hoje.
Resultado: embora habilitado a cumprir esse papel, que já desempenhou no passado no Flamengo e no próprio Corinthians, Marcelinho parece ter-se ressentido além da conta.
Talvez seja o caso de Mário Sérgio redesenhar sua estratégia, pois o futebol brasileiro não pode se dar ao luxo de perder um talento desse porte.

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