São Paulo, segunda-feira, 6 de março de 1995
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Clássico sem gols frustra festa no Pacaembu

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Gramado e futebol ruins, violência e confusão estragaram o que prometia ser um Portuguesa x Corinthians de festa ontem à tarde no Pacaembu. O que houve foi um 0 a 0 de pouca emoção além da confusão que resultou nas expulsões de Ronaldo (Corinthias) e Tiba (Portuguesa).
O jogo tinha vários destaques, antes de seu início. O Pacaembu estava sendo reaberto após 35 dias de reforma no gramado. A arbitragem seria do peruano Alberto Tejada, com experiência de Copa do Mundo, importado especialmente para o jogo.
No Corinthians, a torcida Gaviões da Fiel prometia uma comemoração pela vitória de sua escola de samba no Carnaval. E veria, enfim, a estréia do zagueiro André Santos, revelação e campeão da Copa São Paulo de Juniores.
A Portuguesa não tinha nenhuma novidade, mas trazia a fama de já ter vencido São Paulo e Palmeiras neste campeonato.
O ânimo começou a desmoronar com as falhas no gramado, especialmente no meio-campo. Em seguida, o técnico Mário Sérgio anunciou que tinha barrado André Santos, fazendo entrar Pinga.
Mas ainda havia o juiz peruano.
Desde o início, chamou a atenção pela velocidade, que o colocava sempre perto do lance, e pelos gestos frenéticos a cada falta que apitava. Mas também errou.
Como nos confrontos entre os dois times do ano passado, a Portuguesa começou melhor. Dominava o meio-campo e armava ataques, o que o Corinthians não conseguia fazer.
Candinho pôs Norberto e Capitão sobre Marcelinho e Souza. Este ainda criou várias jogadas pela esquerda, mas errava nos passes (36% no jogo). Marcelinho nem se entendia com Vítor.
No meio-campo da Portuguesa, a movimentação de Caio e Zinho confundiu os volantes Zé Elias e Bernardo. Essa movimentação tornou o jogo veloz, mas os goleiros quase não foram exigidos.
Paulo César, da Portuguesa, quase só pegou bolas cruzadas, como numa bola de Vítor, aos 4min de jogo.
A insistência dos corintianos em jogadas individuais facilitou o trabalho da Portuguesa, onde se destacou a dupla de zagueiros Jorginho e Gilmar.
Ao ver seu time dominado, o técnico corintiano Mário Sérgio mandou Zé Elias colar em Tiba e Bernardo acompanhar Caio. Nos escanteios contrários, porém, era Bernardo quem marcava Tiba.
Foi num escanteio que aconteceu o principal momento do jogo.
Antes da cobrança, Tiba chutou Bernardo sem bola, por trás. Tejada mostrou o cartão vermelho quase imediatamente.
Formou-se um bolo e o goleiro Ronaldo, ao chegar, deu um chute de raspão no jogador da Portuguesa. Também foi expulso.
Azar de Marques, o 11º titular do Corinthians. Mais uma vez, teve que ceder seu lugar —para o goleiro reserva Ricardo Pinto.
Com um atacante a menos de cada lado, o jogo caiu de emoção.
No segundo tempo, a movimentação do primeiro tempo sumiu e as vaias apareceram.
O meia Souza, cansado e com uma marcação mais cerrada, passou a criar menos. O meia Marcelinho passou a tentar chutes de longe, a maioria tortos.
O técnico Mário Sérgio decidiu trocá-lo por Fabinho, o que irritou o titular.
Só a Portuguesa ainda tentou alguma coisa. Zinho e Caio fizeram jogadas de linha de fundo, mas Paulinho nem chegava na bola.
Aos 16min, o atacante tentou fazer um gol socando a bola. Ainda bem para o Corinthians que o goleiro Ricardo Pinto fez a defesa, no ângulo: Tejada não viu a falta.
Aos 30min, Tejada ainda deixou de marcar pênalti de Gilmar em Fabinho.

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