São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995 |
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Exportador apóia a mudança cambial FÁTIMA FERNANDES FÁTIMA FERNANDES ; CRISTIANE PERINI LUCCHESI
A análise é de Marcus Vinícius Pratini de Moraes, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). Para ele, a perspectiva de os produtos brasileiros serem mais competitivos no exterior incentivará investimentos na produção. " Só que o governo não pode se descuidar do custo Brasil, que envolve a desoneração fiscal e a redução dos custos portuários". Michel Alaby, vice-presidente da Adebim (Associação de Empresas Brasileiras para Integração no Mercosul), acha, no entanto, que é bem possível que a desvalorização do real leve a aumento de preços. Grandes exportadoras, que possuem dívidas em dólar, terão perdas iniciais com a desvalorização. É o caso da Aracruz, que exporta US$ 800 milhões por ano. "A medida é positiva. Vamos recuperar as perdas iniciais no decorrer dos meses", diz Júlio Cesar Pinto, tesoureiro da Aracruz. Segundo ele, a dívida é inferior ao faturamento de um ano com exportações e as perdas já serão compensadas no início de 96. Já os fabricantes de sapatos não se animaram com as medidas. " A defasagem cambial para os exportadores ainda é alta —de 14%", diz Heitor Klein, diretor executivo da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados). Klein afirma que os custos das fábricas subiram 26% desde a entrada do real e não foram repassados para os preços. " A disposição do governo é a de limitar importações e não apoiar exportações". Para Ivânio Batista, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca, " a mexida no câmbio não resolve nada". Os exportadores da região de Franca (SP), diz ele, reduziram em 34% os embarques em janeiro deste ano sobre igual mês do ano passado. A queda foi de 970 mil para 636 mil pares. Na análise de Batista, as exportações da região neste ano deverão ser entre 40% e 50% menores do que as do ano passado. Por causa do câmbio desfavorável à exportação, afirma, cerca de cinco médias e grandes fábricas de calçados fecharam em Franca desde o real até agora. Uma delas é a Pestalozzi, com mil empregados. Valter Pinto Gomes, diretor de exportação da Marcopolo, fabricante de carrocerias e ônibus, diz que as medidas do governo na área cambial vão tornar os produtos da empresa mais competitivos. " Os nossos clientes do exterior não aceitam aumentos de 15% nos preços, correspondentes à defasagem cambial. Por isso, estávamos tentando compensar essa defasagem diminuindo custos e aumentando a produtividade". Texto Anterior: Venda de veículos deve cair Próximo Texto: Fiesp elogia as mudanças no câmbio Índice |
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