São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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FHC pede socorro a ACM; Carvalho desce

JOMAR MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai facilitar o processo de indicações para os cargos do segundo escalão e reduzir os superpoderes do chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, alvo preferencial das críticas no Congresso. É o que tem revelado a seus aliados políticos o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A nova estratégia teria sido admitida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso menos de 24 horas após a derrota do governo na votação, pelo Senado, do projeto de lei que regulamenta os juros de 12%.
Na manhã de ontem, enquanto se ampliava a insatisfação do PSDB, o presidente convidou ACM para um almoço no Palácio do Alvorada.
FHC pediu a ajuda de ACM, um dos críticos mais duros da postura do Planalto nos primeiros 45 dias da administração tucana, para as mudanças na relação governo-Congresso.
Em conversa com aliados, ACM revelou as idéias do presidente para a formulação de um novo modelo de articulação política. As nomeações, que hoje passam obrigatoriamente por Clóvis Carvalho, serão "democratizadas", passando também pelos líderes do governo.
Até agora, as indicações feitas por aliados quase sempre têm sido preteridas pelos ministros, sob a alegação de que os indicados não correspondem ao perfil esperado pelo governo. Alguns dos pleitos chegaram até a ser ridicularizados por auxiliares do presidente.
A flexibilizacão nas nomeações, no entanto, não inclui os cargos das estatais mais poderosas, como as da área financeira. Estas continuarão sendo submetidas a critérios mais técnicos que políticos.
FHC vai determinar ao líder do governo no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), que converse mais com os senadores. Ele também quer ampliar o diálogo entre ministros e parlamentares, uma das queixas dos congressistas.
O presidente está ressentido com a mesa do Senado, presidida pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que colocou em votação o projeto de lei complementar sobre os juros de 12%. Mas, a exemplo de parlamentares de todos os partidos, reconhece que há falhas graves na articulação dos líderes governistas.
Em outras áreas-chaves do governo, consolida-se a idéia de que é preciso flexibilizar, mas também cobrar responsabilidades.

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