São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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Programa mudava estrelas conforme audiência

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

O que se passa durante um ano em "Quiz Show", na verdade demorou três. Herbie Stempel enfrentou Charles Van Doren pela primeira vez a 18 de novembro de 1956 e foi derrotado após três semanas de empates. Stempel também recebia as perguntas antecipadamente, mas uma queda de audiência levou os produtores do programa "21" e seu patrocinador a procurar um novo candidato a campeão. E no lugar do desajeitado judeu de Queens entrou o glamouroso gentio de Manhattan, filho de poeta famoso, membro da elite intelectual, comensal de Edmund Wilson e Thomas Merton. A cultura de massa cooptava a alta cultura.
Com o novo ídolo (virou até capa da "Time"), a audiência subiu e "21" mudou de quarta-feira para o horário nobre de segunda, concorrendo diretamente com "I Love Lucy". Jamais superou a série de Lucille Ball, mas atingiu piques de audiência nunca alcançados pela NBC. A 11 de março de 1957, chegou a vez de Van Doren "errar". O show precisava de uma nova estrela. Aí começou o reinado de Vivienne Nearing. Pouco depois, a Barry Enright Productions, produtora do programa, foi comprada pela NBC por US$ 2 milhões. Um negoção para os seus proprietários.
A primeira investigação sobre as fraudes do programa deu-se em 1959, quando a promotoria de Nova York, através de Joseph Stone, deu trela aos chiados de Stempel. Mas as acusações acabaram lacradas pelo juiz Mitchell Schweitzer. No mesmo ano, o advogado Richard N. Goodwin, de uma subcomissão do Congresso, reativou o caso, chegando a escrever um livro a respeito, no qual Redford buscou inspiração.
Há três anos, a televisão pública de Nova York (PBS) fez um documentário sobre o mesmo tema, "The Quiz Show Scandal", dirigido por Julian Krainin, por coincidência um dos produtores do filme de Redford.
(SA)

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