São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Governo diz que medida 'está valendo'

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo decidiu ignorar a decisão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de bloquear o processo de votação da MP (medida provisória) 935, que permite ao governo cobrir parte do déficit público com recursos da Previdência.
Para o governo, a medida provisória está valendo desde a última terça-feira, quando foi publicada no "Diário Oficial".
"A medida está valendo", afirmou o líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (PMDB-RS), amparado no artigo 62 da Constituição.
Embora considere a medida polêmica, Rigotto alega que somente a rejeição formal pelo Congresso poderá sustar seus efeitos.
Essa rejeição poderá ocorrer no exame preliminar de admissibilidade, momento em que os parlamentares avaliam se a medida é urgente e relevante.
A Folha apurou que o governo não tem intenção de suspender temporariamente os efeitos da medida num sinal de boa vontade com o Congresso.
A edição da medida provisória irritou líderes governistas, que não foram previamente informados, e pôs sob suspeita os números divulgados pelo governo sobre a crise da Previdência.
A decisão de Sarney de adiar a leitura da medida provisória no plenário do Congresso até que o governo envie explicações por escrito na exposição de motivos foi tomada depois de vários parlamentares pedirem a devolução da MP ao Palácio do Planalto.
Efeito imediato
"Uma coisa é a questão política e outra é a validade da medida", alegou o líder Germano Rigotto.
Junto com outros líderes governistas e a assessoria do presidente Fernando Henrique, Rigotto entende que a Constituição assegura o efeito imediato das MPs e determina o prazo de 30 dias para sua votação.
Segundo cálculos feitos pelo diretor do Tesouro Nacional, Murilo Portugal, e transmitidos a líderes governistas, a medida poderá representar o deslocamento de até R$ 500 milhões por mês da Seguridade para tapar eventuais rombos das contas públicas.

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