São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Presidente do PFL diz que falta coordenação ao governo

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, disse ontem que o "perigo de um furacão na área política ainda não passou". Na sua opinião, o governo precisa nomear urgentemente um coordenador político, sob pena de pôr em risco as reformas constitucionais.
O ex-presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, fez essa mesma crítica em Belo Horizonte (leia reportagem nesta Página).
Bornhausen acha que Fernando Henrique não terá condições de concretizar o desejo de exercer ele próprio a coordenação política do governo. "Veja o que ocorreu nesta semana", diz o presidente do PFL. "O presidente teve de administrar o furacão cambial e, ao mesmo tempo, a ebulição política. Não é possível. Tem de haver um articulador".
Ele diz também que o Conselho Político, integrado pelos presidentes de partido, não tem servido aos interesses do governo. "Creio que o presidente não deveria excluir a hipótese de modificar a sua estratégia". Bornhausen se dispõe a abrir mão de seu assento no conselho para facilitar a montagem de uma nova estrutura de articulação do governo com o Congresso.
Em seus diálogos reservados, Fernando Henrique diz que só não nomeou um articulador político porque não encontrou um nome talhado para a função.
Há no PFL um movimento em favor da indicação do vice-presidente Marco Maciel. Bornhausen não menciona nomes.
"A sorte é que o furacão está ocorrendo antes da votação das emendas da reforma, em tempo para que se faça uma correção de reumos", limita-se a dizer. "É fundamental que, nesse momento, a liderança e a autoridade do presidente sejam mantidas intactas".
Bornhausen menciona uma frase que atribui ao Barão de Rio Branco: "Onde eu estiver, em primeiro lugar, virá o interesse do Brasil". Ele disse que utilizará a máxima para tentar convencer o ex-deputado Pimenta da Veiga a reassumir a presidência do PSDB, o partido do presidente.
Graças a atritos que mantém com Sérgio Motta, ministro das Comunicações e secretário geral do PSDB, Pimenta renunciou anteontem à presidência do partido dos tucanos. Bornhausen considera o seu retorno essencial.
Reunião
FHC convocou para segunda-feira uma reunião com os líderes do governo no Congresso e ministros, principalmente os que estão ligados aos partidos da base sustentação política.
Será uma reunião política, marcada ontem para reverter o isolamento de FHC no Palácio do Planalto. A agenda do presidente se abrirá aos políticos numa tentativa de conter a insatisfação dos aliados e a fragilidade da base parlamentar. O isolamento de FHC ficou evidente durante a semana em que seus principais interlocutores no Congresso se queixaram insistentemente da falta de comunicação com o governo.
"Não é problema de incompetência dos líderes, mas de falta de comunicação", resumiu o líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (PMSB-RS).
Ele foi surpreendido na quarta-feira com a edição da medida provisória 935 no "Diário Oficial", autorizando o governo a cobrir parte do déficit com recursos da Previdência.

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