São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Cientistas detectam formação de outro supericeberg na Antártida

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E DA

Reportagem Local
Um novo supericeberg foi identificado na região antártica. O gigantesco bloco de gelo tem cerca de 2.000 km2 —menor que o identificado há duas semanas, de 2.876 km2 (equivalente a duas vezes a cidade de São Paulo).
Quando o primeiro bloco de gelo foi anunciado, cientistas previram a formação de várias supericebergs, decorrente do aumento da temperatura na região.
O novo bloco de gelo, de espessura não definida, se desprendeu de uma área próxima à ilha James Ross, no mar de Weddell. O primeiro supericeberg se formou no mesmo local.
A informação foi dada por Rodolfo del Valle, responsável pelo Departamento de Ciências da Terra e da Direção Nacional da Antártida, na Argentina. Segundo o cientista, o novo bloco rumou para oeste, no mar de Bellinghausen.
O cientista informou que, além da formação de icebergs, o aumento da temperatura local está provocando o retrocesso das geleiras em até 50 quilômetros. Hoje se podem ver terrenos rochosos na região antes encobertos pelo gelo.
Segundo cientistas do Laboratório de Pesquisas Antárticas e Glaciológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o aumento da taxa de produção de icebergs na Antártida é o primeiro sinal do derretimento de parte de sua calota. Por isso, prevê-se o aparecimento de novos blocos.
Nos últimos 50 anos, a temperatura de região subiu cerca de 2,5 graus Celsius.
Os icebergs são formados a partir de plataformas de gelo flutuantes que fazem parte da calota que cobre 99% do continente antártico. A plataforma de Ross, a maior delas, com 540.000 km2, tem o mesmo tamanho da França.
Os icebergs costumam se fragmentar naturalmente antes que atinjam a costa brasileira, devido ao aumento na temperatura da água do oceano. Mas quando são muito volumosos, como este, seus fragmentos podem representar ameaça à navegação.

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