São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Oposição desconsidera erros e apóia FHC

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apenas 24 horas após ter enfrentado uma rebelião em sua própria base política, o presidente Fernando Henrique Cardoso foi apoiado ontem no Congresso até pelos partidos de oposição.
Em discursos feitos no plenário da Câmara, os congressistas desconsideraram os erros cometidos pelo Banco Central e atribuíram a crise à "especulação financeira".
Os pronunciamentos dos líderes do PT, Jaques Wagner (SP), e do PDT, Miro Teixeira (RJ), foram os mais aplaudidos. Petistas e pedetistas se classificam como oposição ao governo FHC.
Os líderes do PMDB, do PFL, do PSDB (partidos que apóiam e integram a administração tucana) e do governo na Câmara aproveitaram a sessão e se revezaram na defesa do Palácio do Planalto. Eles defenderam também a definição de uma lei que puna a especulação financeira criminosa.
O líder governista na Câmara, Luiz Carlos dos Santos (PMDB-SP), chamou a crise cambial de "fabricada" e alimentada pelos especuladores que ganhavam no passado com a inflação.
"Em hipótese alguma o PT se colocará ao lado daqueles que pretendem aproveitar o momento de instabilidade internacional para ganhar dinheiro fácil na especulação financeira dentro do país", afirmou Jaques Wagner.
O deputado disse que acabara de falar do o presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e discursara em nome do partido.
O PT quer explicações do governo sobre o vazamento de informações do pacote econômico e o exato volume de dinheiro gasto para manter o cotação do dólar.
O líder do PDT defendeu uma união nacional e um diálogo com o governo para evitar que o país acabe como o México e a Argentina, em crise econômica.
"Como partido de oposição, proponho que paremos de discutir política partidária e discutamos o Brasil. No momento em que sinalizarmos que é para estabelecer um padrão de entendimento entre os diversos agentes políticos deste país, tenho certeza de que a economia brasileira se recuperará rapidamente", afirmou Teixeira.
O deputado Paulo Delgado (PT-MG) responsabilizou o PMBD no Senado de ser um dos elementos da crise na economia brasileira, ao aprovar, na última quarta-feira, o limite máximo de 12% de juros ao ano.
Segundo Delgado, o partido usou de um dispositivo legal, a aprovação de uma lei, para pressionar politicamente o governo. "Não podemos aceitar que usem a aprovação de uma lei para mandar um recado ao governo. Não queriam 12% de juros, mas 12% a mais de influência no governo", afrimou Delgado.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), afirmou que o governo está no rumo certo e que os partidos não vão aceitar a ação de especuladores. "Estamos unidos para repeli-la (a crise) e, mais do que isso, para exigir uma lei que possa coibir esses especuladores, colocando-os na cadeia", afirmou.

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