São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Milk shake aqui custa o triplo que em NY

FRANCISCO MARTINS DA COSTA; DANIELA ROCHA
EDITOR-ASSISTENTE DE CIDADES

Você pagaria US$ 5 por meras três ou quatro bolas de sorvete misturados a um copo de leite? Numa das melhores cenas do filme "Pulp Fiction - Tempo de Violência", dirigido por Quentin Tarantino e atualmente em cartaz nos cinemas da cidade, o protagonista Vincent (John Travolta) se surpreende quando sua parceira Mia (Uma Thurman) pede um milk shake que custa esse preço.
Ele ficou surpreso, mas os paulistanos já se acostumaram a pagar até duas vezes esse valor pelo mesmo produto. A Folha visitou uma série de locais onde os shakes são um dos carros-chefes do cardápio e constatou uma variação de até 165% no preço da bebida conforme a lanchonete. O mesmo milk shake de chocolate que custa R$ 3,30 no Senzala (em Alto de Pinheiros), é vendido por R$ 8,74 na Oregon Burguer, a menos de 2 quilômetros dali, em Pinheiros. Um custa mais que duas vezes e meia o preço do outro.
Em Nova York, um milk shake tamanho regular (750 ml) na rede de sorveterias Hagen-Daaz custa US$ 3,25 (R$ 2,90). Nas lanchonetes da cidade os preços variam entre US$ 2,50 e US$ 4,00.
Aqui em São Paulo, a comparação foi feita entre as receitas básicas preparadas pelas lanchonetes da cidade. O milk shake simples do Senzala vem num copo grande de vidro e ainda dá direito a um "chorinho" —que geralmente sobra no copo de alumínio do liquidificador. Em alguns dos endereços visitados, a "porção", servida ainda no copo do liquidificador, dá para dois ou três copos de vidro cheios. Em outros, como no America, vem à mesa na taça alta de vidro, sem direito a "replay".
Duro de engolir Segundo Fernando Pereira Guedes, 31, um dos donos da Oregon, o preço do milk shake é tão alto "por causa da quantidade servida e da qualidade dos produtos utilizados". A porção realmente é suficiente para dois copos e é justamente por isso que muitos casais dividem um só shake. Quanto aos produtos utilizados, o sorvete é o mesmo Kibon usado em várias outras lanchonetes, assim como o leite e a calda de chocolate ou morango usada para decorar o copo.
Variações sobre o tema
Além dos básicos (chocolate, creme, morango, coco e flocos), os fanáticos pela bebida podem ainda encontrar diversas variações da receita original. No America, quem quiser algo diferente pode pedir o After Eight (feito com sorvete de chocolate e servido com calda de menta) ou o Farofino (servido com farofa crocante de castanha de caju). No New Dog, considerado um dos melhores da cidade, a única variação é o shake de nozes. No Jotas, a "extravagância" fica por conta do shake de passas ao rum.
Na Rockets, a inovação são os shakes de crocante e de banana (preparado com sorvete de creme, banana amassada e leite maltado).
Na Oregon, o shake mais sofisticado é servido misturado com licor de cacau, chantilly, uma cereja e chocolate granulado. Tudo isso por R$ 9,75.
A sorveteria Mambo Jambo sempre acrescenta um toque especial aos seus shakes. O de chocolate vem com raspas de chocolate, o de café com farofa de capuccino e café espresso, o de morango com coulis de morango e o de coco com coco ralado.
No Little Darling, em Moema, até os drinques levam sorvete. O "Peggy Sue" mistura licor de pêssego, amaretto, sorvete de creme e gelo batidos em uma coqueteleira com gelo picado. O "Banana Boat" é um short drink preparado com licor de banana, rum, sorvete de creme e gelo batidos também numa coqueteleira. Lá, o milk shake é um dos mais caros da cidade (R$ 6,20) e já vem à mesa servido num copo de vidro, não tem "chorinho".

Colaborou DANIELA ROCHA, de Nova York.

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