São Paulo, sábado, 11 de março de 1995
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Favela terá que ser retirada

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

No início do ano passado, funcionários do DER e da Secretaria da Habitação visitaram cada uma das favelas que se estendem junto à Fernão Dias, na zona norte de São Paulo. Os barracos estão na faixa de duplicação da estrada.
"Perguntaram se eu queria uma casinha, um terreno ou um apartamento. Depois nunca mais voltaram", disse Nilse Rodrigues Netto, 34, 5 filhos.
Uma das condições impostas pelo BID para o financiamento das obras era o deslocamento dessas famílias para outro local. O DER marcou cada barraco com um número em tinta azul.
Quem tem o número na porta vive da esperança de se mudar dali. Cerca de 3.000 pessoas vivem nas favelas do trecho. Os barracos estão construídos junto à pista e os caminhões passam a meio metro das paredes de madeira e papelão.
As crianças vivem presas em cercadinhos de madeira e seguras pelas mãos das mães. O trecho não tem iluminação e as duas lombadas não são visíveis. "A gente ouve a brecada e já sai para arrastar o corpo", diz Maria Filomena Alves, 45, três filhos, há 27 anos morando na favela.
Na semana passada foi a vez da menina Joice Leite, 8. Está internada com fraturas nas pernas e na cabeça. (AB)

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