São Paulo, domingo, 12 de março de 1995
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'Babá' cuida de Edmundo no Equador

RODRIGO BERTOLOTTO
DO ENVIADO ESPECIAL A GUAYAQUIL

Edmundo terá uma verdadeira babá para suportar sua estadia forçada. Até pelo menos amanhã, no hotel Oro Verde, em Guayaquil, no Equador.
O jogador não pode sair do quarto —se circular em lugar público, será preso— e não quer receber a imprensa brasileira, nem a equatoriana.
Ele não pode nem ao menos descer à recepção do hotel.
A brasileira Regina Vanuchi, 34, a agente de viagens que serve o Palmeiras, assumiu a incumbência de cuidar do jogador.
A diretoria do clube só decidiu de última hora que o preparador de goleiros, Valdir Joaquim de Moraes, deveria ficar.
Regina, antes de saber disso, já imaginava poder resolver o problema do seu jeito: "Vou falar para os policiais que estão na frente do hotel para passear um pouquinho com o Edmundo", disse, acreditando num final feliz.
Regina chama Edmundo de "Mundico" e afirma que a amizade entre eles está "em outro plano".
Referindo-se sempre ao jogador como "o menino" ou "o garoto", a agente classifica de "circo" a proibição de saída e a ordem de prisão pela agressão do cinegrafista do canal Telessistema de Guayaquil.
Ela se ofereceu para ficar ao chefe da delegação da equipe paulista, Seraphim Del Grande, vice-presidente, que voltou ao Brasil junto com a equipe, que enfrenta hoje o São Paulo.
Regina diz que já enfrentou muitos problemas semelhantes ao caso de Edmundo.
"Em 1984, trabalhei com o conjunto porto-riquenho Menudos e eles davam muito trabalho."
Depois, se especializou em excursões de times e excursões.
Disse que organiza todas as viagens das seleções da Venezuela, Colômbia e Equador.
Anteontem à noite, enquanto o Palmeiras derrotava o Emelec por 3 a 1 pela Taça Libertadores, Regina se preocupava com o jantar do jogador recluso.
Edmundo acompanhou a partida por rádio (ela não foi transmitida pela TV para Guayaquil).
O garçom David Catagua, o único que tem permissão do Palmeiras de levar alimento ao quarto, serviu vários pratos com frutos do mar —sopa de marisco e camarão empanado— e peixe ao jogador.
Catagua, em troca de quatro ingressos dados por Del Grande para ver seu Emelec contra o Palmeiras, assumiu a responsabilidade.
Pelo menos em uma coisa Edmundo e o garçom se parecem: ambos gostam de Carnaval.
"Uma vez fizemos uma semana gastronômica brasileira e trouxemos uma mulatas para sambar", disse o garçom.
A exclusividade de Cartagua se deve à preocupação de Regina de que algum policial à paisana tente se infiltrar no apartamento 220 do hotel, onde está o jogador.
Outra intenção da restrição é evitar que os funcionários entrem no quarto e divulguem versões sobre o estado de ânimo do atacante.
Segundo Cartagua, Edmundo permaneceu deitado enquanto ele esteve no quarto. "Cumprimentei-o e o servi."
(RB)

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