São Paulo, domingo, 12 de março de 1995
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Britânico não crê nas ondas

DA "NEW SCIENTIST"

Centenas de milhões de dólares gastos na construção de detectores para ondas gravitacionais podem ser desperdício, diz um matemático britânico.
"Os que constroem tais experimentos podem ter uma surpresa desagradável", diz William Bonnor, da Faculdade Queen Mary e Westfield, em Londres. "Pode haver pouca coisa a detectar".
Bonnor descobriu uma situação teórica em que uma massa pode ser acelerada sem emitir ondas gravitacionais. "Se não há ondas gravitacionais numa situação simples, isso também pode acontecer em sistemas mais complicados."
Isso poderia desapontar os físicos que estão construindo detectores para ondas gravitacionais.
Nos EUA, o Observatório Gravitacional Interferômetro Laser (Ligo) deve ser constituído de dois detectores com 4 km de comprimento, um na Louisiana e outro no estado de Washington. O preço total do projeto gira em torno de US$ 400 milhões.
Em Pisa (Itália), franceses e italianos pretendem construir Virgo, um detector de 3 km de comprimento. Há também um plano anglo-germânico para a construção de um com 600 m.
Detectores mais baratos, como o brasileiro Einstein, o holandês Grail ou o americano Tiga, também poderiam acabar frustrados diante de situações como a descrita pelo britânico.
Bonnor, que publicou sua descoberta na revista "Classical and Quantum Gravity", imaginou uma massa que emite luz preferencialmente numa direção. A massa se desloca como um foguete, na direção oposta.
Ele descobriu que uma massa nessas condições, satisfazendo às equações elaboradas por Albert Einstein, não emite ondas gravitacionais. "Ela deveria, mas não o faz", diz.
Mas a maioria dos físicos acredita nas ondas. "Em situações com interesse astrofísico, temos confiança de que os objetos que prevemos que irão produzir ondas gravitacionais realmente as produzam", diz Bernard Scutz, da Universidade do País de Gales.

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