São Paulo, domingo, 12 de março de 1995
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Inimigos de Fidel esperam volta em Miami

ROGÉRIO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o final da década de 50, quando começou a odisséia de seu exílio, os cubanos que vivem em Miami lutam para preservar sua cultura e seus costumes. A grande maioria sonha voltar a viver em Cuba, mas numa Cuba capitalista e democrática.
Little Havana (Pequena Havana), o bairro mais cubano de Miami, não faz lembrar em nada a belíssima cidade de Havana, com suas construções do século 16 sobre o mar do Caribe.
Mas o cheiro de rum e de charuto que sopra dos botecos das esquinas da Calle 8, sua principal rua, o som da salsa e do espanhol das intermináveis discussões sobre beisebol, assim como os velhos jogando no Parque do Dominó ou mesmo as lojas de santeria, que atendem os que crêem em Oxum, Ogum e Iemanjá, nos faz pensar um instante que estamos em Cuba.
Esses cubanos não planejavam se estabelecer em Miami (Costa Leste dos EUA), acreditavam que a situação política mudaria em Cuba, mas a espera já dura 36 anos.
A tentativa de preservar a cultura, no entanto, não faz dos cubanos que vivem em Miami uma comunidade coesa.
Eles se dividem em facções, fundações, comitês e partidos. Cada um tem sua opinião de como derrotar um inimigo comum a todos: "a ditadura de Fidel Castro", como eles se referem ao regime político cubano.
O leque ideológico é vasto, enquanto os fanáticos extremistas do Alpha 66 querem ver a cabeça de Castro exposta em praça pública, os moderados jovens do Diretório Revolucionário Democrático Cubano discutem questões como o preconceito contra homossexuais.
Há infinitos grupos, facções, fundações e partidos em Little Havana. Alguns funcionam apenas o tempo necessário para os fundadores arrecadarem milhares de dólares em benefício próprio.
Praticamente todo cubano exilado nos Estados Unidos, por mais pobre que seja, sempre está disposto a colaborar com quem lhe dá alguma esperança de mudança.

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