São Paulo, domingo, 12 de março de 1995
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Informação errada; Sangues raros; Marcelo Coelho; Ricardo Semler; Saúde em debate; FGTS; Intelectuais de salão; Diálogo; Índio; Seria Deus neoliberal?

Informação errada
"Seguidamente esse jornal vem informando equivocadamente a respeito deste centro. Dia 7/03, matéria de Clóvis Rossi sobre a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Social de Copenhague qualifica o professor Vilmar Faria, assessor especial da Presidência da República, presente à referida reunião, como presidente do Cebrap. Menos por pruridos de vaidade pessoal, que não me movem, e mais para que a relação deste centro com os poderes constituídos sejam claras e transparentes, é que informo que a presidência do Cebrap é exercida desde há dois anos e até maio próximo por quem subscreve esta carta."
Francisco de Oliveira, presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento —Cebrap (São Paulo, SP)

Nota da Redação — Leia nota na seção Erramos abaixo.

Sangues raros
"Com relação à carta do sr. Silvano Wendel (edição de 11/03), gostaríamos de esclarecer o seguinte: 1) existe uma diferença entre ter um programa de sangues raros e um banco destes sangues. 2) O que foi noticiado não é o programa (que nós já temos há cinco anos, que conta com 186 doadores cadastrados), mas sim o banco, ou melhor a inauguração da estrutura física que permitirá que dentro de um ano tenhamos 2.000 bolsas estocadas para uso imediato em nível nacional. 3) Não existia até o momento nenhuma instituição que tivesse uma estrutura sistematizada para congelar 2.000 bolsas. Sendo assim, a Fundação Pró-Sangue é a primeira a constituir esse tipo de banco. 4) O Banco de Sangues Raros da Fundação Pró-Sangue é o resultado da grande experiência obtida na resolução dos problemas transfusionais da nossa população, que possibilitou definir as reais necessidades para a formação desse tipo de banco."
Dalton Chamone, professor titular de Hematologia e Hemoterapia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Marcelo Coelho
"Parabéns a Marcelo Coelho pelo excelente artigo 'Educação despreza a vida elementar' (Folha, 10/03). Enquanto não ousarmos uma crítica radical à instituição em que passamos os melhores anos de nossas vidas, reivindicando o direito das crianças e adolescentes à felicidade e à vida inteligente, não superaremos a mesmice em que se transformaram os debates pedagógicos hoje em dia."
Helena Singer (São Paulo, SP)

"Marcelo Coelho me surpreende a cada dia com seus artigos tão claros, sublimados de leveza e doçura! Foi com grata surpresa que me deparei com texto dele na Folhinha de 3/02, 'Minha professora de desenho', onde vi que sua sensibilidade pode chegar a um grau ainda mais alto!"
Denise Farina Marcondes Pereira (São José do Rio Preto, SP)

Ricardo Semler
"Não é a primeira vez que vemos políticos veicularem matéria paga nesse jornal para atacar a coluna dominical de Ricardo Semler. Se esse tipo de manifestação acontece é porque o colunista está correto e deve continuar a manifestar seus pontos de vista honestos. Manifesto o meu apoio a Semler, e espero ver cada vez mais suas opiniões e suas experiências publicadas."
Valdir P. de Souza Jr. (Cuiabá, MT)

Saúde em debate
"O que se pode deduzir lendo o artigo do dr. Jatene, na Folha de 3/03, onde procura justificar a cobrança por fora pelos médicos, é que sua prioridade não é a de reformar a política de saúde do SUS, dita cara e ineficiente. O que fica clara é sua intenção de transferir parte dos custos da assistência médica para aqueles que, segundo ele, podem pagar."
Carmem Ortiz (São Paulo, SP)

FGTS
"Os sindicatos pernambucanos temem que a soma dos recursos negados ao trabalhador, por ocasião do criminoso expurgo cometido pelo Plano Collor, acabe por levar o governo atual a adotar algum tipo de casuísmo, em conluio com o Poder Judiciário, para negar ao trabalhador o seu direito sobre a parcela de crédito que deveria ter sido creditada nas contas do FGTS dos trabalhadores brasileiros naquele obscuro tempo do escândalo collorido, patrioticamente denunciado por esse conceituado jornal."
Mauri Vieira Costa, presidente do Conselho Regional de Administração e do Sindicato dos Administradores no Estado de Pernambuco (Recife, PE)

Intelectuais de salão
"Quero me reportar ao artigo do professor Geraldo Mello Mourão, publicado na edição de 24/02, intitulado 'Pós-fascismo e pós-comunismo', onde li, com espanto, afirmações radicais como 'alguns intelectuais de salão não sabem que o socialismo marxista é coisa totalmente morta' ou 'só os tolos e os mal-informados iludem-se com a falácia de uma sobrevivência ou de uma ressurreição do comunismo'. Meu espanto justifica-se pois o autor do artigo tem 75 anos e é dono de um currículo invejável, que provavelmente lhe proporcionou cultura e experiência suficientes para entender que na história da humanidade muitas coisas são cíclicas e podem ressurgir maquiladas ou travestidas, porém carregando a mesma essência. Seria ótimo se o socialismo que conhecemos nunca mais voltasse, mas a verdade é que o capitalismo que vemos hoje também não está atendendo aos anseios básicos de uma parte considerável do planeta que ainda passa fome e vive na miséria."
Lourival Pacheco, jornalista (São Paulo, SP)

Diálogo
"Em sua coluna de 5/03, domingo, Gilberto Dimenstein relata trechos de um diálogo com o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, em que o mesmo se confessa assustado com os baixos índices de arrecadação de impostos junto às empresas. A conversa revela pontos importantes da administração tributária no Brasil, mas deixa outros sem esclarecimento. O susto do secretário comprova que a indicação de pessoas não familiarizadas com o órgão que irão dirigir traz o imobilismo e contribui ainda mais para seu desmantelamento. A descontinuidade de comando na administração pública brasileira é uma das maiores responsáveis pelo seu baixo desempenho."
Wilson Torrente, diretor da Unasindifisco São Paulo (São Paulo, SP)

Índio
"Louvável o artigo 'Caminhos indígenas' assinado pelo índio terena do Pantanal sul-matogrossense, Marcos Terena, na edição de 2/03. Só que cometeu um grave equívoco. Na verdade, em alguns centros brasileiros, como Curitiba, por iniciativa de Jaime Lerner (PDT), foi dado um passo muito importante com criação de departamentos indígenas administrados pelo próprio índio. Mas aqui no Mato Grosso do Sul, a instituição da Secretaria Especial do Índio, talvez a única do país, foi obra do então governador Pedro Pedrossian (PTB), e não de Wilson Martins (PMDB), como citado no artigo. Administrada por Edna de Souza, filha do líder indígena Marçal de Souza, a pasta abriu o caminho para revolucionar as questões diretamente ligadas ao sofrido povo indígena."
Paulo Estevão (Campo Grande, MS)

Seria Deus neoliberal?
"Sobre declarações de d. Paulo Evaristo Arns: não seria Deus mais neoliberal do que social-democrata? Assim como criou as formigas que trabalham na terra, criou as aves que, se não bastassem a plumagem colorida, as habilidades canoras e a capacidade de voar, ainda podem comê-las (as formigas). Criou o tigre e o leão, mas também criou a minhoca e a serpente (que a Bíblia associa ao mal). Criou também a abelha, que apesar de voar só trabalha, o ano inteiro, aos sábados, domingos, sem férias, 13º salário ou FGTS, sem seguro médico nem plano de complementação de aposentadoria pela Petros. Só o homem pode optar e ser o que desejar. Pode até excluir-se de um processo de desenvolvimento ou excluir-se da comunidade internacional. Só não pode, perante Deus, excluir-se da responsabilidade dos seus atos."
Mario Roberto Ferreira (São Paulo, SP)

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