São Paulo, domingo, 12 de março de 1995
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Hitch aposta na dúvida

INÁCIO ARAUJO

Não parece uma programação, o que tem nesta semana. Parece uma plantação de abacaxi. Razão a mais para refugiar-se nos valores seguros, como "Suspeita", uma reunião de talentos mais que respeitáveis. Há Cary Grant, ator capaz de criar um simpático vigarista e, ao tempo, o mais sinistro canalha sem nunca deixar que uma dessas imagens se fixe demasiado. Há ainda o fotógrafo Harry Stradling, a atriz Joan Fontaine etc. Todos envolvidos num exercício típico de Hitchcock: deixar o espectador suspenso entre a crença e a descrença, a comédia e o suspense. Quem é afinal Cary Grant? —perguntamos até o fim. O estúdio resolveu a dúvida. É o de menos: a crença (na imagem, no personagem, em Deus) em Hitchcock alimenta-se da dúvida. (IA)

SUSPEITA (Suspicion). EUA, 1941, 99 min. Direção: Alfred Hitchcock. Com Joan Fontaine, Cary Grant, Nigel Bruce. P&B. Legendado. Na Cultura.

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