São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Planalto faz esforço para abafar rebelião

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto articula para esta semana uma série de iniciativas para tentar por fim à rebelião que explodiu em sua base parlamentar. A crise política se acirrou com a crise cambial vivida pelo país.
Na semana que passou, os principais partidos que apóiam o governo tornaram públicas suas críticas à falta de articulação política do Planalto.
O PSDB, partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, se disse alijado das decisões governamentais.
O PMDB, maior bancada governista, reclamou da demora na distribuição de cargos e declarou ser necessário repensar a reforma da Constituição diante do quadro de crise econômica.
O PFL, até agora a legenda mais fiel a FHC, avalia que os mecanismos criados pelo presidente para se relacionar com o Congresso fracassaram.
Para resolver esse imbróglio, o governo e seus líderes no Parlamento vão tentar eliminar a ausência de um articulador político no Palácio do Planalto.
"Este assunto tem de ser resolvido ainda nesta semana", disse o deputado Germano Rigotto (PMDB-RS), líder do governo no Congresso.
O peemedebista vai discutir o problema em reunião marcada para hoje que vai contar com a presença de FHC e os líderes do governo na Câmara, Luís Carlos Santos (PMDB-SP), e no Senado, Élcio Álvares (PFL-ES), além de ministros dos partidos aliados.
Para Luís Carlos Santos, o melhor exemplo de articulador é o próprio FHC, que, no Ministério da Fazenda do governo Itamar Franco, negociava diretamente com os parlamentares as votações de interesse do Executivo.
"O problema é que o presidente não pode exercer esta função agora, e é difícil encontrar alguém no governo com o mesmo perfil", afirmou o líder na Câmara.
O ministro-chefe do Gabinete Civil, Clóvis Carvalho, e o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, —até agora responsáveis pelo contato com os parlamentares— enfrentam resistências na base governista, o que inviabiliza sua escolha como articuladores.
Enquanto FHC não nomeia um articulador, ministros como Nelson Jobim (Justiça) e Sérgio Motta (Comunicações) tentam reforçar os canais de diálogo com o Congresso.
Na última quarta-feira, Motta levou quatro parlamentares para um encontro com o presidente. Jobim, por sua vez, deve se reunir amanhã com os integrantes da bancada de seu partido, o PMDB.
Outra tentativa
Outra iniciativa do Planalto vai ser voltar a discutir regras para limitar a edição de medidas provisórias (MPs).
Na quarta-feira, o ministro da Justiça vai apresentar aos líderes dos partidos suas propostas para eliminar um dos principais pontos de atrito entre o Legislativo e o Executivo.
"Todos querem regulamentar a edição das MPs", afirmou ontem o líder Germano Rigotto, cuja principal meta é "limpar a pauta de votações".
Segundo Rigotto, há 38 MPs emperrando as votações no Congresso —33 elaboradas no governo Itamar Franco e cinco editadas após a posse de FHC.

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