São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Quércia afirma que PMDB já deve se preparar para as eleições de 98

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia tenta consolidar seu poder dentro do PMDB de São Paulo de olho nas eleições de 98.
"O PMDB tem que ganhar o governo de São Paulo de volta e tem que conquistar a Presidência da República", disse Quércia. Ele afirmou que, por enquanto, não é candidato a nada.
Ontem foram realizadas eleições para os diretórios municipais e zonais do partido.
Os resultados devem confirmar a expectativa de que o grupo quercista domine a maioria dos diretórios. Os delegados escolhidos elegerão o diretório regional (estadual) de São Paulo em maio.
Os peemedebistas ligados a Quércia acreditam que o ex-governador terá o controle de 80% a 90% dos diretórios do interior.
A força de Quércia na região é reconhecida até mesmo por seus adversários, como o deputado Luiz Carlos Santos, líder do governo FHC na Câmara.
"Quércia sempre teve um trabalho forte no interior", disse Santos. Mas ele considerou exagerada a estimativa de 90% dos diretórios feita por quercistas. "É chute".
Na capital, a vantagem do ex-governador é menor. Os dois lados da disputa cantam vitória. Santos diz que seu grupo (no qual está incluído o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho) obteve vitória em 70% dos diretórios zonais.
O deputado José Aristodemo Pinotti apresenta números exatamente inversos: pelas suas contas, os quercistas é que conseguiram 70%. O deputado João Leiva, quercista presidente do PMDB no Estado, é mais modesto, mas dá a vitória a Quércia com 60%.
O ex-governador votou ontem em Campinas. No final da manhã esteve no diretório de São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), onde defendeu o afastamento do PMDB do governo federal.
"É preciso haver um reestudo a respeito da ligação do PMDB com o governo federal", afirmou. Segundo ele, o partido deve se posicionar em cada caso e não dar apoio incondicional a FHC.
Aproveitando a brecha aberta no Plano Real pela crises cambial e do México, Quércia voltou a propagar seu discurso desenvolvimentista. Segundo ele, o governo ainda não tomou medidas nesse sentido. "O governo é um governo parado, um governo nhénhénhém."
O ex-governador disse que o PMDB deve se preparar para atuar na oposição em São Paulo depois de 12 anos no poder. "Há um sentido de perseguição ao PMDB no Estado", afirmou.
Quércia minimizou o peso político de seus adversários dentro do partido. Afirmou que quer esquecer Fleury e disse não se lembrar quem é Luiz Carlos Santos.
Fleury preferiu manter uma postura discreta ontem. Na sexta-feira, ele tentou se increver como delegado (que tem direto a voto) no diretório da Bela Vista (zona central).
Teve seu pedido indeferido pela executiva e, apesar de integrar a chapa única de seu diretório, não apareceu para votar ontem.
Santos afirmou que Quércia aposta no caos ao criticar o Plano Real. "Ele está na linha do quanto pior melhor. Se o real der errado, vão dizer que ele estava certo".

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