São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Edmundo é vítima de suas emboscadas

Atitudes do 'animal' são inconvenientes

NANDO REIS; MARCELO FROMER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se todo homem é um animal e todos nós, incluindo Edmundo, ainda somos homens, portanto Edmundo é um animal. Resta saber de que espécie.
O controvertido jogador termina a semana como vítima de mais uma de suas emboscadas. Como de hábito, quando seu desempenho em campo fica abaixo da sua própria e alta expectativa, sua capacidade de assimilar tal frustração se demonstra ínfima perto da grandeza de seu futebol e, assim, sua alma animalesca toma forma selvagem e vulnerável. Foi o que se deu no Equador.
A agressão ao cinegrafista, contrariando suas características de jogador imprevisível, foi uma pedra cantada e óbvia para essa personalidade que vem se definindo cada vez mais sob o diapasão do chavão e da chacota. Foi a cristalização do Edmundo arteiro, do Edmundo moleque que começa a dar ares de exaustão e até mesmo de não conter o glamour que já construiu e destruiu carreiras de célebres aprontadores como Serginho, César e tantos outros.
Como o ocorrido naquele grande jogo entre Palmeiras e Grêmio pela Taça Libertadores, quando o menino carioca dono da jaqueta 7 palestrina, arrasou com todos os adversários que ousavam se interpor entre ele e as redes e, servindo seus companheiros com toques e passes geniais, deu mais uma vez a vitória a seu time.
Qual não foi a surpresa para seus torcedores e companheiros de equipe quando, nem bem o árbitro havia terminado de trinar seu apito, o jovem genioso declarou que não mais gostaria de jogar no Palmeiras, pois a imprensa paulista era responsável por forjar a sua imagem de bagunceiro e, desse modo, prejudicar sua carreira. Não nos lembramos de nenhum repórter que tenha adentrado as quatro linhas e, com uma entrada desleal, quase partindo ao meio a perna do atacante fazendo com que ele, num justo revide, tomasse assim mais um de seus cartões vermelhos...
Foi o próprio Edmundo quem criou esse personagem que, repetimos, já começa a dar ares de cansaço e de inconveniência, com a redundância de suas atitudes intempestivas. Só não podemos confundir as bolas e querermos controlar a sua vida pessoal fora dos gramados, o que ele faz ou deixa de fazer, como andam fazendo com o outro rapaz, seu amigo, que joga agora no Flamengo.
A questão com Edmundo atualmente se resume numa única frase. Ele sempre acaba com o jogo! Só não se sabe, nunca, se é do modo como ele acabou com o Grêmio ou se é do modo em que acabou o penúltimo jogo entre o Palmeiras e São Paulo, naquela ridícula pancadaria.

O leitor Reginaldo Pasini Augusto, de Nhandeara, interior de São Paulo, mandou sua sugestão de novas regras estúpidas para o futebol.
"Sugiro que, para aumentar a qualidade dos espetáculos e a média de gols, sejam instaladas chopeiras importadas dos EUA em todos os estádios. Todo tima que obtiver vitória com diferença de três gols terá o direito a uma festa, patrocinada pela CBF, ao final da partida.
Nando Reis e Marcelo Fromer são músicos da banda Titãs e escrevem às segundas-feiras na Folh

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