São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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Escalações já denunciavam o resultado

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O jogo começou a pender para o Palmeiras nos vestiários, quando foram anunciadas as escalações dos dois times. O Palmeiras, sem Edmundo, mas com três médios de marcação no meio-campo: Flávio Conceição, Mancuso e Amaral. O São Paulo, sem Axel, substituído por Alemão. Nem de longe quero insinuar que Axel é mais jogador do que Edmundo. Não atingi ainda esse nível de insanidade. Mas é que a ausência de Edmundo parece ter cimentado um sólido sentimento de solidariedade na equipe palestrina.
Em contrapartida, a ausência de Axel expôs a zaga tricolor como uma flor desabrochada aos contundentes contragolpes de Paulo Isidoro, Maurílio, Rivaldo e Roberto Carlos. Some-se a isso a absoluta omissão de Sierra, tanto na armação quanto na marcação, e o resultado foi 2 a 0 para o Palmeiras no primeiro tempo.
Quais as alternativas que restavam a Telê, no intervalo? Plantar mais Alemão na cabeça-da-área, trocar Sierra por Denílson, um menino mais ativo e agressivo do que o meia chileno. Foi o que Telê acabou fazendo.
Poderia arriscar mais, enfiando Caio para trabalhar na área, mais próximo de Bentinho, sacando Juninho, que não cumpria uma performance do nível que lhe é habitual. Mas o melhor trunfo Telê havia descartado, ao liberar Catê para integrar os aspirantes, que meteram 4 a 2 no Palmeiras, graças, sobretudo, ao futebol irreverente, veloz, habilidoso e contundente do ponta.
Principalmente, porque o Palmeiras voltou para o segundo tempo com Vágner no lugar de Roberto Carlos, no exato espaço onde Catê se movimenta com tanta desenvoltura.
E mais: de seus pés poderiam sair os cruzamentos altos para Bentinho e Caio, dois eméritos cabeceadores, como ocorreu na vitória dos meninos tricolores contra o Sergipe ainda noutra noite. Por isso, já com a bola rolando no segundo tempo, Telê teve de fazer uma mixórdia em todo o time: tirou o lateral Cláudio, que não sabe cruzar; passou Donizete para seu lugar, e colocou Caio lá na frente.
Melhorou, mas não resolveu. Em seguida, Telê teve de trocar Juninho por Ronaldo Luís. Aí já era desespero. E, no desespero, ninguém vira um jogo sobre esse Palmeiras que vai mostrando, a cada jogo, sua face de campeão.

E o Corinthians, hein, que continua marcando passo no campeonato? A verdade é que Mário Sérgio segue às voltas com o problema do cobertor curto. Temendo expor demais sua defesa, fragilizou seu ataque. Isso porque está baseando todo o seu esquema ofensivo nas descidas dos laterais. Acontece que Vítor, peça vital para o seu sistema, joga uma e fica de fora da outra. Logo, está mais do que na hora de Mário rever seus planos.
Além do mais, os melhores do grupo de que Mário dispõe têm a vocação do ataque. Vamos explorar o que há de melhor e tentar tapar os buracos como der.

Por outro lado, o Santos segue impávido. Graças ao futebol refinado e prático desse menino Giovanni, que ontem fez dois gols no Guarani. Um de cabeça; outro, de pura inspiração.

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