São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 1995
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DANCE COM CHARME

DANIELA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apartheid social uma ova! Nem os fuzis AR-15 do morro Dona Marta nem o "movimento" (de drogas) são capazes de arrefecer a nova febre do Rio de Janeiro —os bailes funk, agora disseminados entre todas as classes sociais.
Que o diga o DJ Marlboro, que coloca 2.000 pessoas por matinê de sábado na boate Circus, na Barra da Tijuca (zona oeste). "Antes o pessoal da zona sul achava que funk era morte. Hoje tem desde o cara que vem de ônibus até o Ômega que pára na porta", diz Marlboro.
Típica menina do Leblon (zona sul), F.P., 17, frequenta o morro Chapéu Mangueira. A mãe não sabe —pensa que ela vai para uma boate.
"É uma adrenalina maravilhosa", diz ela, que converteu o irmão R., 15, que antes achava funk "coisa de pobre".
Fernanda de Moura Coelho, 14, e Ana Paula Cardoso Andrade, 17, moradoras de Botafogo (zona sul), frequentam os bailes há apenas um ano, mas já estão viciadas. "Não tem jeito de a gente não ir ao baile", dizem.
O ritual do baile é ir para a quadra, "zoar" bastante e esperar o baile encher para entrar nos "trenzinhos" e "abalar" nos passinhos, até a hora que "o moreno" vem "te tocar", ou seja, pedir para você ficar com ele.
Nem os traficantes incomodam. "Raramente acontece alguma coisa no morro", diz F..
Mas tranquilo mesmo é o charm, que também está conquistando espaço na zona sul."Charmeiro vai ao baile bem vestido, exclusivamente para arrumar namorada", diferencia o DJ PC, há três meses num bar da zona sul. Assim como seu equivalente "popular", no charm também proliferam as coreografias com passinhos ensaiados.
"É como punk e rock, são estilos diferentes", ensina a cantora Fernanda Abreu, frequentadora de carteirinha

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