São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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PSDB assume tese de Motta e tenta 'inchar'

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB, partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, vai começar uma ofensiva para aumentar suas bancadas no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas.
A informação foi dada ontem em São Paulo pelo líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal (SP).
A ofensiva é motivada pelo "descompasso" que, segundo Aníbal, existe entre a representação parlamentar do partido e sua participação nos governos estaduais e federal.
"Nós elegemos o presidente da República e seis governadores", observou Aníbal. Entre os Estados governados pelos tucanos, há dois (Pará e Sergipe) que não elegeram sequer um deputado federal do PSDB, acrescentou.
Na avaliação de Aníbal, o PSDB poderá chegar ao fim do ano com uma bancada federal próxima de 100 deputados. Hoje, o partido tem 73 parlamentares.
Aníbal afirmou que já há cerca de 20 deputados de outros partidos que querem se tornar tucanos.
A ofensiva do PSDB coincide com a de seu companheiro de coligação, o PFL. Com o "Projeto PFL 2.000", os pefelistas sonham chegar ao próximo século como o maior partido do país.
O líder do PSDB nega que houvesse divergência entre o ex-presidente do partido Pimenta da Veiga e o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em relação ao aumento das bancadas.
O fato é que Pimenta defendia uma política mais criteriosa, que privilegiasse a qualidade frente a quantidade de parlamentares.
Motta, que foi o pivô da saída de Pimenta do comando do partido, era favorável a uma postura mais agressiva de expansão do PSDB. Coincidência ou não, foi exatamente esta a política anunciada por Aníbal ontem.
O deputado afirmou que os cuidados defendidos por Pimenta serão aplicados pelo partido. Segundo ele, haverá critérios para aceitar novas filiações. "Critérios" que ele resume à "análise da vida pública do cidadão".
O aumento das bancadas será, na opinião de Aníbal, uma das principais tarefas do futuro presidente do partido. "O PSDB vai ser mais agressivo agora", afirmou.
Motta
Aníbal defendeu a saída de Motta da secretaria-geral do PSDB, cargo do qual está licenciado. A insistência do ministro em manter o cargo é que provocou a renúncia de Pimenta.
Na opinião de Aníbal, o afastamento de Motta facilitaria a composição da nova executiva do partido. O deputado admitiu que a renúncia de Pimenta provocou desgaste do PSDB.
E afirmou que as divergências entre Motta e Pimenta se tornaram públicas. "Havia uma disputa entre os dois".
Entre os nomes para substituir Pimenta, Aníbal disse que deve ser lembrado em primeiro lugar o de Artur da Távola, vice-presidente do PSDB e senador pelo Rio.

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