São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995 |
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Guerra de traficantes mata 8 no Rio
ROBERTO MACHADO
Segundo policiais da 21ª DP (Delegacia Policial), o tiroteio foi travado entre a quadrilha de "Kito" —que supostamente controla o tráfico na favela— e um grupo de traficantes ligados a "Odir". Um dos policiais afirmou que a invasão promovida pelo grupo liderado por "Odir" foi a "maior ação de traficantes na cidade". Segundo ele, 24 carros, duas Kombis, um micro-ônibus e um caminhão foram utilizados pelos invasores. "No mínimo, 60 homens participaram da ação", disse o inspetor Calmon, da seção de homicídios da delegacia. Ele avaliou que a polícia recolheu "cerca de 30 quilos de cartuchos e munição de vários calibres". Existem marcas de tiros em dezenas de casas, lojas, postes e nos sete carros abandonados pelos invasores. Os traficantes teriam entrado na Vila do João nos primeiros minutos da madrugada de ontem. Segundo os policiais, eles aproveitaram o baile funk que se realizava na rua Dois, a principal da favela. O grupo liderado por "Odir", segundo policiais da 21ª DP, seria ligado à facção criminosa Comando Vermelho e teria reunido traficantes das favelas de Vigário Geral, Alemão, Cidade Alta e Nova Holanda. Segundo a polícia, "Kito" pertence ao Terceiro Comando —grupo rival do Comando Vermelho— e teria expulso "Odir" da Vila do João há cerca de quatro meses. "Odir" tentou retomar o comando do tráfico na favela, segundo Calmon. "Kito" teria conseguido fugir, mas os policiais acreditam que ele ainda controla o tráfico na Vila do João. Uma testemunha, que se identificou como André e prestou depoimento na delegacia, levou um tiro de raspão. Ele disse que estava dentro de casa no momento da invasão e que um dos seus irmãos também foi atingido por uma bala. André afirmou que o grupo de "Odir" recolhia seus feridos em duas Kombis. Segundo ele, os traficantes ligados a "Kito" sustentaram o tiroteio apenas para tentar fugir da favela. Cinco mortos haviam sido identificados até o fim da tarde de ontem. São eles: Leandro Barbosa, 15, Vágner Ferreira, 16, Jorge Nascimento, 23, José Carlos dos Santos e Eduardo Noruega da Conceição, 21. Segundo os policiais, pelo menos um dos oito mortos não estava ligado ao tráfico de drogas. Eduardo Noruega da Conceição era aluno da escola Rodolfo Fuchs. Segundo Elisabete Lavinas, funcionária da escola, Eduardo era órfão e foi criado em instituições de assistência. Lavinas disse que Eduardo visitava um amigo na Vila do João e afirmou que ele não tinha envolvimento com drogas e não possuía antecedentes criminais. Ele foi identificado através de sua certidão de nascimento, encontrada ao lado do corpo. Na certidão de Eduardo, uma pessoa que se identificou como "um amigo" escreveu: "Foi se divertir com os amigos e inocentemente morreu. Texto Anterior: Nelson Jobim quer ação conjunta das polícias; O NÚMERO; Três PMs são presos por morte de soldado; Polícia encontra corpos de três garotos em MG; Inquérito de explosão termina em dez dias Próximo Texto: Confronto em julho de 94 deixou 16 vítimas Índice |
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