São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Executivo é assassinado pela mulher

SARA SILVA
DA FOLHA SUDESTE

A dona-de-casa Lúcia de Fátima Dutra Weisz, 39, foi presa ontem acusada de matar o marido, o diretor-contábil do Banco Itamarati de São Paulo, Gavril Weisz, 39. O crime aconteceu na noite de sábado, em Americana (133 km a noroeste de SP).
O assassinato aconteceu na casa onde Lúcia mora com o filho, P.L.W., 12. Ela confessou em depoimento que mandou matar o marido porque temia perder a guarda do filho. O casal estava se separando e, segundo Lúcia, Weisz a agredia.
Segundo a polícia, Lúcia contratou a filha de sua empregada, Valdelaine Pereira, 23, e o namorado dela, Silvio César da Silva, 19, para matar Weisz.
Os três teriam planejado o crime e simulado um roubo. Lúcia disse ter pago US$ 2.000,00 (R$ 1.760,00) e pagaria mais US$ 17 mil (R$ 14.960,00) quando o assassinato fosse executado.
O plano previa que Weisz entraria pela porta da frente depois de deixar seu Vectra na garagem de sua casa, no Jardim Colina (bairro nobre de Americana).
O executivo trabalhava em São Paulo e, desde a separação, viajava nos fins-de-semana para ver o filho em Americana.
Valdelaine teria ficado atrás da porta por onde Weisz deveria entrar e Silva no banheiro, onde simularia encostar uma arma nas costas de Lúcia e do filho e os obrigaria a ir até o quarto.
Weisz chegou, buzinou e pediu para que a mulher tirasse o carro do local porque estava com a bicicleta do filho no porta-malas.
Lúcia entrou na casa, demorou cerca de um minuto e meio, e voltou.Em seguida, levou o filho até o quarto dizendo que havia assaltantes na casa. Weisz, diferentemente do que estava previsto, entrou pela porta da cozinha.
Ao perceber que o plano estava dando errado, Valdelaine tentou sair pela porta da sala, que estava trancada.Ao tentar sair pela cozinha, ela encontrou o executivo e acertou três dos quatro tiros disparados com um revólver calibre 38.
Silva, que estava no banheiro, desistiu de simular o assalto. Quando ouviu os tiros, saiu da casa com Valdelaine e os dois fugiram com a Parati de Lúcia, que foi abandonada na periferia da cidade.
O delegado-titular do 3º Distrito Policial de Americana, Sebastião Roberto Martins, disse que a versão da dona-de-casa conflitava com a do filho na delegacia.
"Nós mostramos as contradições e ela confessou." Valdelaine foi presa em Sumaré (130 km a noroeste de São Paulo), onde mora, e seu namorado foi detido no local de trabalho.
Valdelaine disse que aceitou executar o crime em solidariedade a Lúcia, porque ficou com pena dela."Não foi pelo dinheiro. Ela ajudava minha filha, que fica com a minha mãe, e me contou que o marido queria levar seu filho. Eu disse, brincando, que mataria se alguém dissesse que levaria minha filha", disse Valdelaine.

Texto Anterior: Falta de acordo atrasa portaria sobre fumo
Próximo Texto: Dona-de-casa tentou suicídio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.