São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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Oasis aposta no tédio em Nova York

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

A banda Oasis, de Manchester (Inglaterra), bem que tentou, mas não conseguiu "levantar" o público que lotou a casa de espetáculos Academy, uma das mais famosas de Nova York, em Times Square, na semana passada.
Em um show de uma hora e meia, o vocalista Liam Gallagher reclamou do som diversas vezes e gesticulou muito para a platéia, que estava impedida por barras de ferro —e por enormes seguranças— de subir ao palco para aquecer o show com "stage divings" (saltos sobre o público).
Superprofissional, foi ele quem segurou o show. Entre as músicas, enquanto Liam se afogava em tédio sentado em frente à bateria, Noel dava injeção de ânimo com pesados —e inteligentes— acordes em sua guitarra, introduzindo o próximo som que tocariam.
Outro destaque foi a excelente performance do baterista Tony McCarroll.
O show começou bem, com a consagrada "Rock'N'Roll Star", que tem influência clara dos Rolling Stones. Mas com baladas de rock, como "Live Forever" e "Married with Children", o clima do show se transformou. A impressão era de que eles estavam ali obrigados a tocar.
A reação do público foi imediata. Um dos espectadores chegou a gritar a todos pulmões: "Entertain us!" (Divirtam-nos!). Aí, sim, Liam entrou em estado de desânimo total. Ficava infinitos segundos estático no palco, olhando para a platéia, sem cantar.
Parte do público que abraça o estilo e a atitude de bandas inglesas amou a performance de Liam: quanto mais tédio melhor. Esses foram os fãs que dançaram até molhar de suor suas camisetas, estampadas com os nomes das bandas The Cure, The Smiths e Pet Shop Boys, que denunciavam algo como: "Sou americano e estou em lugar errado".
Mas mais de 70% do público assistiu ao show estático, até durante as músicas mais agitadas, em parte pela falta de espaço, em parte porque só queria mesmo ver e ouvir, sem se deixar envolver.
Ainda assim, a popularidade do Oasis se mostrou imbatível. Ao fim do show, uma fila de adolescentes se formava na tentativa de convencer os seguranças de que eles eram amigos do produtor da banda ou do fotógrafo que estava no camarim.
O Oasis teve na chuvosa noite de última quinta-feira tudo que os pop stars têm direito: fama e controvérsia.

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