São Paulo, terça-feira, 14 de março de 1995
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Brasileiro registra em CD obras para violão de Heitor Villa-Lobos

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O violonista brasileiro Fabio Zanon, 29, vai gravar as obras para violão de Villa-Lobos. A gravadora deve ser a Olympia, selo pelo qual grava o pianista brasileiro Marcelo Bratke.
A vitrine para a gravação será concerto que Zanon deu no último dia 5, aniversário de Villa-Lobos, no Wigmore Hall, de Londres. Nesta casa especializada em música de câmara já se apresentaram artistas como Heifetz, Segovia, Hvorostovsky e o Quarteto Hagen.
O concerto será assistido por representantes da Olympia. "Mesmo que não consiga acertar com eles, vou gravar por conta própria e bater de porta em porta de gravadora", afirma Zanon.
À iniciativa do violonista deve se somar à da pianista brasileira Débora Halasz, à do maestro Roberto Ricardo Duarte e à do violoncelista e regente Christian Benda, empenhados em gravar obras de Villa-Lobos. "Agora que o establishment musical começa a se livrar da influência de Pierre Boulez, podemos apreciar sem culpas a música de latino-americanos como Villa-Lobos, Ginastera e Revueltas", diz.
Com tese de pós-graduação dedicada a Villa-Lobos, Zanon pretende começar sua integral pela gravação dos "Doze Estudos para Violão", de 1929. Em vez de se basear na edição existente das partituras da peça, Zanon deve ter como base os manuscritos do próprio Villa-Lobos: "A editora cometeu erros de impressão e os manuscritos são mais confiáveis. Descobri, entre eles, uma página perdida do "Estudo nº 10"±', que teve sua primeira audição européia no concerto de Londres.
Neste disco, Zanon pretende incluir ainda a primeira gravação mundial das "Evocaciones Criollas", suíte composta em 1929 pelo uruguaio Alfonso Broqma. "Achei esta partitura meio perdida, em meio a minhas pesquisas. Nem a embaixada uruguaia conseguiu me dar informações adicionais sobre o compositor", afirma.
O paulistano Fábio Zanon estudou na Universidade de São Paulo, e estudou violão em Londres com Michael Lewin, na Royal Academy of Music. Ganhou o primeiro prêmio no concurso de Alessandria, na Itália e foi premiado também no Concurso Andrés Segovia, na Espanha, e nas competições de Havana (Cuba), Toronto (Canadá) e Viña del Mar (Chile), entre outras.

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