São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Presidente cobra "lealdade" de estatais
WILLIAM FRANÇA; MÔNICA IZAGUIRRE
FHC disse que quer o governo unido em torno das propostas de reforma constitucional e que não aceitará que as estatais façam qualquer tipo de trabalho contrário, por exemplo, à privatização ou quebra de monopólios. "Eu não quero ver dinheiro público sendo usado para campanhas contra o governo. Eu não quero ver as empresas do governo subsidiando, direta ou indiretamente, campanhas contra aquela que é a posição do governo", afirmou. "Tenho certeza que contarei com o apoio dos diretores e presidentes destas organizações, até porque se não tiverem agindo assim é porque não participam do governo." Para FHC, quem participa de um governo está num caminho de mão dupla. "Tem a confiança do presidente, mas também tem que ter a confiança no presidente". O presidente disse que exercerá essa tarefa "com muita tranquilidade, mas com muita firmeza." Segundo o presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, o encontro "serviu para coordenar e harmonizar as ações das estatais com o governo". "Os ministros deixaram claro que o governo vai cobrar até o fim o cumprimento das metas de redução de despesa", disse o presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Brazílio de Araújo Neto. Ele se referia ao decreto presidencial, editado na semana passada, determinando que as estatais reduzam em 10% e os bancos oficiais em 15% os gastos correntes. O decreto dá um prazo até final de março para que as empresas apresentem ao respectivo ministério um plano detalhado cortes. O decreto será regulamentado por meio de portarias específicas dos ministérios envolvidos. "Acho que a meta de corte nos gastos é bem factível", declarou ainda o presidente da Conab. Segundo ele, os dirigentes que participaram da reunião não apresentaram problemas para o cumprimento dos cortes determinados pelo decreto presidencial. Corporativismo FHC disse que as estatais, embora sejam "setores com condições melhores do que a maioria da população brasileira", não podem tomar decisões isoladas, pensadas no bem-estar dos funcionários. "O presidente sabe distinguir perfeitamente o que é interesse realmente popular do que é interesse de pequenos grupos e não tem medo de enfrentar os interesses desses grupos privilegiados", anunciou. Apesar de toda a bronca nos dirigentes, FHC disse que não tem nenhum preconceito antiestatal. "Quero ver esse setor produtivo cada vez mais ligado aos interesses nacionais e populares". Texto Anterior: Limite ao uso de MPs divide o governo Próximo Texto: Leia a íntegra do discurso feito por FHC ontem para ministros e dirigentes de empresas estatais Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |