São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Ex-secretário de Covas preside Assembléia

DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado tucano Ricardo Tripoli, ex-secretário do governador Mário Covas na Prefeitura de São Paulo (83-85), foi eleito ontem presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo.
Tripoli recebeu 52 votos, contra 41 do seu opositor, Paschoal Thomeu, cuja candidatura foi articulada pelo ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho . Houve um voto para Paulo Julião (PDT), que não era candidato.
A posse
Cenas bizarras marcaram, mais uma vez, a posse dos 94 novos deputados da Assembléia, à tarde.
Houve manifestações de funcionários do Banespa, promessas em nome de Jesus Cristo nos juramentos dos novos parlamentares, farta distribuição de sorvetes e até um touro congestionando o trânsito no acesso à Casa.
Covas e todo o seu secretariado compareceram à cerimônia que instalou a 13ª legislatura , a partir das 15h30.
As primeiras manifestações do público, cerca de 1.200 pessoas, ocorreram no instante do juramento de cada deputado.
Apesar da orientação do até então presidente da Assembléia, Vitor Sapienza (PMDB), para cada um repetir apenas "assim eu prometo", a bancada do PT iniciou a desobediência ao pedido.
A deputada Bia Pardi acrescentou: "De acordo com os princípios do PT" —e foi seguida pelo resto da bancada petista.
Daí em diante, os parlamentares usaram e abusaram em nome de Deus e de Jesus Cristo, entre eles Célia Leão (PSDB), Márcio Araújo (PPR) e Daniel Marins (PTB).
Jamil Murad (PC do B) e Wagner Lino (PT) acrescentaram, respectivamente, "contra as reformas anti-Brasil" e "pelo socialismo". O público vaiava e aplaudia.
A posse se encerrou às 16h, após a leitura de um pronunciamento de Covas. O governador manifestou sua intenção de "reformar o Estado" e "revolucionar o cotidiano dos paulistas".
Queda-de-braço
Ao sair do Palácio 9 de Julho, nome da sede da Assembléia, Covas disse que em seu governo não haverá "queda de braço"' entre Executivo e Legislativo.
Covas afirmou ainda que esperava a vitória de Tripoli, mas que sua derrota não significaria uma derrota do governo. Não é o que pensava a bancada tucana, de 18 deputados.
Eleição tumultuada
A acirrada eleição da nova Mesa Diretora começou às 17h, mas foi logo interrompida por manifestações de cerca de 300 partidários de Paschoal Thomeu e de cem funcionários do Banespa nas galerias, que gritavam palavras-de-ordem como "não, não, não à privatização".
Uma denúncia de votos marcados tumultou a eleição, logo no início da votação. Uma das cédulas entregues só tinha o nome de Tripoli. Houve gritaria no plenário, a sessão foi interrompida e o voto, impugnado.
Se o tom folclórico foi dado pelos sorvetes e pelo touro levados pelo deputado Toninho da Pamonha (PTB), o toque de guerra ficou por conta das articulações dos deputados das duas chapas que disputavam a Mesa Diretora.
Ambos deixaram cargos em aberto para negociarem em cima hora.

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