São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Milan tornou o Benfica 'um lento vapor'

MATINAS SUZUKI JR
EDITOR-EXECUTIVO

Milan tornou o Benfica 'um lento vapor'
Meus amigos, meus inimigos, o Mário Sérgio mexeu no time para o segundo tempo e o Corinthians, melhor, quase ganhou o jogo contra o Santos.
Aliás, o alvinegro do Parque São Jorge, ontem, até que merecia acabar com a invencibilidade do alvinegro da outrora vila mais famosa do mundo.

Digo que o Mário Sérgio melhorou o time no segundo tempo e que merecia ganhar por dois motivos:
A) Porque é verdade;
B) Porque ao dizer isto, sinto-me à vontade para indicar as razões da minha discordância com o Mário Sérgio.

Em primeiro lugar, para mim, é quase impossível pensar um time que tem Marques, Marcelinho e Viola e não usa este trio como titular (descontando o fato de que o Viola não poderia ter jogado).
O time tem um poder de fogo que poucos têm no mundo - e só por aí poderia ser um terror para os adversários.
(Quando se pensa que o inimigo de ontem tinha a sua maior fragilidade justamente na defesa, vê-se que é um erro de estratégia deixar o Marques no banco).
Além disso, se ora tirar o Marques ou ora tirar o Marcelinho estivesse dando muito certo, ok, eu levantaria o meu chapéu. Mas o que está ocorrendo?
O time que tem talvez o melhor elenco do campeonato, na prática, está nivelado por baixo. Perdeu a sua vantagem competitiva. Rende muito pouco.
Mário Sérgio pode argumentar que, nos pontos, a situação do Corinthians não é tão ruim. Mas isto, Mário, é muito pouco perto do que você tem em mãos.

O Benfica vai ou o Benfica fica? Fica.
E fica bem esta franqueza, fica bem.

O astuto Artur Jorge soltou as feras do Benfica para abafar o Milan.
O time se movimentava muito, tocava rápido e de primeira. Explorava o Caniggia pela esquerda e as entradas, com a bola dominada, do moleque saci Edílson.

Aos poucos, o experiente e fortíssimo na marcação Milan foi abrandando a fervura do leite da Parmalat portuguesa.
Foi, pouco a pouco, mexendo o meio-campo em fogo lento (em "lento vapor", como diria o português Fernando Pessoa), e acabou com os arroubos sebastianistas da equipe lusitana.

O Milan mostra, mais uma vez, que é time de chegada (só não consegue demonstrar na Copa Toyota, mas isto é outra história) e que continua implacável no sistema de marcação.

Um lance raro no segundo tempo: o chute de Isaías (que substituiu o Edílson) bateu em um poste, acompanhou na paralela a linha do gol, bateu no outro poste e... não entrou. Azar, pois, pois.

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