São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Resort pornô é a nova atração no Caribe

ROBERTO CATTANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Dia 28 de março será inaugurada uma novidade absoluta do turismo mundial: a ilha para férias pornô. Saindo de Milão (Itália), os turistas terão direito a nove dias numa ilha do Caribe, incluindo passagem aérea, pensão completa e moças à vontade.
Elas são garotas caribenhas e algumas das mais famosas "pornostars" européias, que estarão à disposição dos hóspedes, como "G.O.s" de uma espécie de Club Med ou Sandals Club erótico.
A Ilha do Amor, como foi batizada, surgiu de uma idéia do italiano Riccardo Schicchi. Ele é nada menos que ex-empresário da Cicciolina.
Nos folhetos de propaganda do empreendimento, Schicchi é radical: "A Ilha do Amor é algo mais que as férias habituais. Podemos defini-la como a República do Amor Independente, um paraíso para vivos."
Reza ainda o libertário Schicchi, cafetão intelectual tão idealista quanto sua protegida Ilona Staller: "Queremos derrubar o muro das limitações e dos preconceitos da sociedade atual. A ilha deverá se tornar um lugar de liberdade total de pensar e de fazer."
O que será na prática esta "liberdade de fazer" no paraíso do imaginário de Schicchi?
Segundo a organização, o pacote (já esgotado) do dia 28 de março a 6 de abril inclui por exemplo: sexo comunitário com Milly D'Abbraccio (a mais famosa estrela pornô italiana, desde que Cicciolina saiu do páreo); "percussões eróticas" (Schicchi prefere manter uma aura de mistério sobre o que isso quer dizer) com a diva alemã Eva Henger; "Eros-terapia" de grupo com Selene (dinamarquesa).
Barbarella (espanhola) promove uma manhã atlética com um esporte chamado "agarra o bumbum" entre os coqueiros. Para os amantes do mergulho, a cubana Paloma fará exibições submarinas entre corais e camarões.
E tem mais: pornokaraokê à noite, jogging nudista de manhã, "churrasco ao Kama Sutra" na praia ao pôr-do-sol. E para quem ainda não estiver satisfeito, há também a possibilidade de excursões opcionais nas ilhas mais próximas "para conhecer a população local" (de sexo feminino).
Estão pensando que tudo isto é dedicado unicamente a machões famintos? Nada disso, segundo Schicchi. "Haverá bangalôs dedicados à troca de casais e outros, isolados no mato, reservados a homens e mulheres que gostam de sexo sadomasoquista, com pessoal especializado."
Os preços dos pacotes estão ao alcance de todos. Com a viagem, a alimentação e os "serviços", os nove dias saem por US$ 1.780, com possibilidade de financiamento em duas ou três vezes.
Schicchi só não garante nada contra os riscos da Aids: "Os hóspedes terão à disposição camisinhas fluorescentes. Mas nada disso será obrigatório na ilha. Eu gostaria que esse terrorismo não existisse neste paraíso."
Cayo Levantado, a "Ilha do Amor" de Schicchi, está a uma hora de helicóptero ou a quatro de lancha desde São Domingos, capital da República Dominicana.
É uma pequena ilha igual a muitas outras do Caribe, com longas praias de areia branca, coqueiros e bosques de mata tropical.
Os turistas são hospedados num hotel de "primeira categoria superior" (como é definido nos folhetos), com piscinas, bangalôs, pistas de jogging e lanchas para passeios e mergulho. Guardas armados garantem a segurança e a privacidade dos hóspedes.
A ilha foi comprada (Schicchi não revela o preço) por uma sociedade anônima das Bahamas liderada pelo empresário, que investiu US$ 1 milhão no projeto.

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