São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 1995
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Tour sexual movimenta noites em Paris

AURELIANO BIANCARELLI
EM PARIS

Paris é conhecida como a cidade dos tours: tour pelos museus, pelos parques, pelo Sena. Quando as luzes da cidade se acendem, o visitante pode ceder à tentação e criar seu próprio tour. Por exemplo, uma escapada pelos sex shops e teatros eróticos da cidade.
Um número cada vez maior de turistas está fazendo em Paris o que pensaria duas vezes antes de fazer em suas cidades de origem.
Sem sentimentos de culpa, já que a maioria está saindo para este tour acompanhada de mulheres.
É isso mesmo que o mercado do sexo vêm buscando: convencer o turista de que seu produto também pode revelar o charme da cidade.
O turista mais exigente pode desejar uma comparação entre as formas femininas retratadas pelos impressionistas do século passado e aquelas exibidas pela Paris atual.
Em 1886, Edgar Degas provocou escândalo ao mostrar uma mulher saindo do banho em "Bain du Matin". "Eu quis mostrar o nu como o observamos pelo buraco da fechadura", explicou.
Os teatros não chegam a tanto, mas se esforçam. O teatro Chochotte vem há dois anos procurando atrair turistas, especialmente mulheres. Chochotte pode ser traduzido por cocota. Nas segundas e terças, mulheres têm desconto.
Sexo com penetração foi eliminado. E cenas explícitas se limitam a relações entre mulheres. "As cenas são ensaiadas como numa peça de teatro", diz a diretora e dançarina Anais. "Mas nas relações elas vão até o fim."
Quanto à presença de mulheres na platéia a diretora é direta. "Só mulheres que não sabem apreciar a beleza de outras mulheres fazem restrições ao nosso espetáculo."
O teatro promete quatro horas de show sem que uma única cena se repita. O Chochotte fica na rue Saint-Andrés-des-Artes, entre os bulevares Saint-Germain e Saint-Michel.
O teatro Les Valseuses, na rue des Écoles, também quer passar a idéia de um espetáculo erótico "sem vulgaridades". Mesmo cenas de sadomasoquismo eliminaram boa parte da violência.
Os outros teatros eróticos da cidade não escondem que seu forte são cenas de sexo explícito em busca de novas posições e antigos cenários. Redes esticadas sobre o público ou amor exibido na primeira fileira de cadeiras continuam fazendo sucesso.
No outro lado desse tour noturno estão os grandes espetáculos concentrados na região de Pigalle. São os musicais picantes, mas tradicionais —como o Folies-Bergere ou Crazy Horse—, onde mulheres dançam com os seios nus. No Chez Michou, os shows são conduzidos por travestis.
Entre esses musicais e os teatros eróticos estão os cabarés e as discotecas onde se pode dançar, beber e assistir a espetáculos.
Para não se perder na noite, as bancas oferecem algumas revistas especializadas, como a "Paris Midnight", a "Sortir a Paris" ou a "7 a Paris". No entanto, o mais precioso guia do lazer da cidade continua sendo o "Pariscope".
Para lembrar os visitantes sobre a Aids, foi inaugurada no ano passado uma loja especializada em camisinhas, a Cond Wear's. Seria a primeira do mundo no gênero.
Além de preservativos de várias procedências, cores e formatos, a loja vende camisetas e bonés com sua marca. Abre até 1h e fica na rue de l'Ancienne Comédie, 14.

LEIA MAIS
Sobre sexo em Paris na pág. 6-19.

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