São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995
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Tecnologia é arma para atrair investimento

FREDERICO VASCONCELOS
EDITOR DO PAINEL S/A

Tecnologia é arma para atrair investimento
Secretário Emerson Kapaz diz que SP vai substituir "artifício" do leilão de incentivos por vantagem tecnológica
O secretário paulista de Ciência e Tecnologia, Emerson Kapaz, diz que São Paulo não entrará na "guerra fiscal" para disputar com outros Estados investimentos externos para a produção.
Com uma dívida de US$ 49 bilhões, o governo paulista pretende substituir o leilão de incentivos —um artifício, segundo Kapaz— pela competitividade baseada na vantagem tecnológica.
"Hoje, antes de implantar uma fábrica em outro país, a empresa estrangeira instala primeiro um laboratório de pesquisa", diz. A fábrica só vem depois da integração com centros de pesquisa, universidades e escolas técnicas.
Como São Paulo concentra 70% dos investimentos em tecnologia no país, Kapaz aposta nessa vantagem comparativa.
Ele diz que tem recebido a visita de muitas empresas estrangeiras interessadas em se instalar no país. "A crise cambial não afeta quem conhece o Brasil. Perdemos capital especulativo, mas estamos ganhando capital produtivo", diz. "Diferentemente do México e da Argentina, o Brasil tem vantagem tecnológica", diz.
O governo quer mobilizar o sistema de ensino e pesquisa para induzir o desenvolvimento em parceria com a iniciativa privada.
O primeiro passo, segundo Kapaz, é recuperar a credibilidade: "O governo estadual tem que demonstrar austeridade —com a reestruturação e enxugamento da máquina— e vontade política para comprar brigas necessárias".
"O Estado não soube se articular e fomentar o desenvolvimento integrado", diz. O Fórum de Desenvolvimento Empresarial, criado no governo Fleury, "foi enfraquecido por falta de articulação política entre o fórum e o secretariado".
Kapaz quer viabilizar projetos de parceria com a iniciativa privada elaborados pela CPD (Companhia Paulista de Desenvolvimento) e que ficaram na prateleira durante a administração anterior.
Para ele, o colapso do Banespa —que havia incorporado o Badesp (banco de desenvolvimento estadual)— minou a capacidade de o Estado oferecer às empresas linhas de financiamento para projetos de longa maturação que não interessam à rede privada.
Kapaz pretende criar centros tecnológicos e integrar os municípios. Os primeiros centros serão formados em São Paulo, São Carlos e Taubaté.
A secretaria vai formar câmaras setoriais segundo vocações regionais por atividades econômicas. É o caso de calçados (Franca), indústria têxtil (Americana) e agroindústria (centro-oeste).
Essas câmaras serão integradas com as universidades e institutos de pesquisas, como o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

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