São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Congresso debate futuro do arranha-céu

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Por que construir prédios com mais de 100 andares? Como inserir os arranha-céus numa cidade sem danos para o ambiente? Quais tecnologias são mais apropriadas para manter firme uma torre de 600 metros de altura em caso de terremoto?
Com essas perguntas na pauta, uma comissão de arquitetos e construtores de vários países ficou reunida até sexta-feira passada, em Nova York, para preparar o 5º Congresso Mundial Habitat and High-Rise (Habitat e a Edificação Alta), em Amsterdã (Holanda), entre 14 e 19 de maio.
A Folha conversou por telefone com o construtor Donald Ross, um dos representantes do Council on Tall Buildings and Urban Habitat (entidade que organiza o encontro). Na sua visão, os arranha-céus, mais do que um problema, são uma solução para as grandes cidades.
Ross argumenta que em cidades como Nova York, Hong Kong ou Tóquio, onde o preço do m2 é muito alto, a grande torre acaba viabilizando o empreendimento, reunindo num mesmo local pessoas e serviços que de outra forma ficariam dispersos pela cidade.
Outra vantagem seria a otimização dos sistemas de transporte —menos linhas de metrô escoariam o fluxo de pessoas.
Para Ross, os edifícios menores, com quatro ou cinco andares, são mais apropriados para as periferias dos centros urbanos.
Segundo o engenheiro brasileiro Gilberto do Vale, presidente mundial deste 5º Congresso, cerca de 700 pessoas participarão das discussões, que, de acordo com ele, vão estar centradas na viabilidade das cidades com os arranha-céus.
Edison Musa, arquiteto brasileiro que também participou da reunião preparatória de Nova York, acredita que o temor da maioria das pessoas —que um terremoto faça ruir um grande prédio— não se justifica. "Em Kobe (Japão) nós pudemos ver que só foram destruídos os pequenos prédios e casas, que não tinham uma estrutura tão resistente", disse.
Segundo Ross, quando uma empresa projeta uma grande torre "estuda cautelosamente o terreno". "Quando projetamos um prédio em São Francisco, tomamos muito mais cuidado do que quando fazemos em Nova York, que está livre de terremotos."

Texto Anterior: USP e Unicamp são contra
Próximo Texto: Leis de SP inibem torres
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.