São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995
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Times de futebol viram marcas

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os clubes de futebol descobriram uma mina de ouro. Transformaram o nome dos times em marca e a cada dia ganham mais dinheiro com a venda de produtos que levam seu distintivo.
O arroz Corinthians, por exemplo, acaba de ser lançado. O café Palmeiras estará nos supermercados a partir do dia 10 de abril. E o vinho São Paulo entra no mercado em dois meses. Até junho, os três clubes viram marca de cerveja.
A lista de produtos que levam os nomes dos times de futebol é extensa. Água mineral, pipoca, relógios, brinquedos, cobertores, lençol, velas e até bonecos que cantam o hino dos clubes já estão em lojas, supermercados e bares.
Os royalties cobrados pelos clubes para uso do nome dos times nos produtos variam de 3% a 12%. Tudo depende do contrato fechado com os licenciados.
Corinthians e São Paulo, por exemplo, chegam a arrecadar US$ 100 mil por mês, com a licença de produtos, só na fase experimental.
Mas a diretoria do São Paulo calcula que, em dois anos, pode dobrar a receita mensal, quando as licenças estiverem a todo vapor.
"A exploração do nome dos clubes está se transformando numa grande fonte de renda", afirma Jaime Franco, diretor de marketing do São Paulo.
O Corinthians planeja até montar mini-shoppings dentro do próprio clube e em suas futuras escolas de futebol franqueadas.
Quatro delas começam a funcionar no segundo semestre no interior do Estado de São Paulo. E mais: o clube estuda a possibilidade de colocar no mercado uma cesta básica com a sua marca.
"Queremos tirar partido de uma marca forte. O Corinthians existe há 84 anos e tem 18 milhões de torcedores", diz Edgard Soares, vice-presidente de marketing.
Os produtos licenciados com os nomes dos times têm potencial tão grande que as diretorias dos clubes já pensam em se reunir para combater a "pirataria", isto é, o uso da marca sem autorização.
Especialistas calculam que os clubes brasileiros ainda não exploram 30% do potencial de vendas.
"Esse mercado é uma bola de neve", diz Patrice Rosenbaum, diretor de marketing do Palmeiras.
Segundo ele, nos Estados Unidos, o uso da marca dos times movimenta bilhões de dólares.

Oportunidades
Com a autorização para uso do nome dos times, as empresas têm a chance de ter produtos com imagem diferenciada e de até competir, em pé de igualdade, com líderes de mercado.
É que, da noite para o dia, as empresas licenciadas têm nas mãos marcas famosas e mercado garantido: milhões de torcedores.
Sebastião Eumene Trettel Reis, proprietário da Nova Therra, torrefadora de café de Itu (SP), com um ano de atividade, diz que só conseguiu se tornar fornecedor do Makro porque ofereceu à empresa o café Corinthians.
"Entramos nas grandes redes do país porque trabalhamos com marcas dos clubes. Com o café Nova Therra, isso não seria possível."
Para a Kofan, fabricante de jeans, fazer calças com os nomes dos clubes pareceu ser um negócio tão promissor que ela desistiu da marca própria.

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