São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995 |
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Caos corintiano derrota time do São Paulo
MARCELO DAMATO
O clássico confrontou dois estilos de gestão. De um lado, o São Paulo, com o técnico Telê Santana no cargo há 54 meses e a melhor estrutura do futebol paulista para revelar jogadores e ganhar títulos. Além disso, estreava a maior promessa são-paulina dos últimos tempos, o meia Denílson. No outro lado, estava um clube sem técnico, nem diretoria de futebol —todos pediram demissão quase ao mesmo tempo fazendo uma série de críticas a outros diretores. Além disso, o time estava em má fase técnica —vinha de cinco empates seguidos. Após ser dominado nos primeiro minutos, o Corinthians equilibrou a partida. Mesmo jogando com três volantes, o time conseguia dar velocidade à saída de bola, o maior defeito da equipe com os técnicos Jair Pereira (94) e Mário Sérgio (95). No banco de reservas, o interino Eduardo berrava para Ezequiel não desgrudar de Juninho. O são-paulino, ouvindo isso, foi jogar na ponta direita para enfrentar o ex-júnior Silvinho. Para ajudar Silvinho, Zé Elias se desdobrava na marcação de Juninho e Palhinha. O time do São Paulo não se aproveitava da situação, pois seus laterais não apoiavam e os meias Denílson e Palhinha se limitavam a passes curtos. Até sair aos 20min do segundo tempo, Denílson não fez nenhuma finalização ou lançamento. Mesmo assim, o jogo era veloz e foi se tornando violento. O volante Zé Elias fazia faltas seguidas. Os são-paulinos começaram a revidar. Mas o juiz Oscar Roberto de Godói não mostrou nenhum cartão —amarelo ou vermelho. Aos 26min, na falta menos violenta das três que havia feito, Zé Elias foi expulso. Formou-se um bolo de jogadores em torno do juiz. Bernardo e Viola receberam cartão amarelo. Depois, Godói mostrou o amarelo ao são-paulino Donizete por uma falta de ataque, dois minutos antes. Um jogador a menos não abalou os corintianos. Eduardo Amorim, orientou Viola a recuar e o time manteve o ritmo. Mas não a calma. Dois minutos depois, Souza, que vinha desconcertando a marcação de Pavão, Donizete e, especialmente, Júnior Baiano, fez falta dura em Juninho e levou um amarelo. Aos 44min, Donizete foi expulso e o São Paulo ficou com dez. No segundo tempo, Caio (que substituíra Bentinho) parecia que iria confirmar a imagem de "talismã" do time. Aos 5min, empatou o jogo, num lance de oportunismo e reverteu a vantagem psicológica a favor do São Paulo. Eduardo, em vez de tentar acalmar o jogo, pôs mais dois jogadores ofensivos: o atacante Marques e o meia Tupãzinho —este no lugar do lateral Vítor. Não houve nem tempo para testar o novo esquema. Godói expulsou mais dois —Viola, aos 12min, e Rogério, aos 18min— e transformou o clássico num jogo desordenado. Ao todo, foram quatro expulsões e sete cartões amarelos. Com nove jogadores de cada lado, a vontade de vencer tornou-se fundamental. E o Corinthians mostrou mais. Criou mais chances e como —diria Nélson Rodrigues— para provar que o destino do jogo já estava traçado há 4.000 anos, aos 39min, o meia Tupãzinho desempatou a partida. E só fez aumentar a fama de "carrasco do São Paulo" criada em 1990, quando fez no mesmo Zetti o gol que deu o único título brasileiro ao Corinthians, que tinha como líder o meia Neto. Texto Anterior: Juízes vivem seus dias de inferno astral Próximo Texto: LANCE A LANCE Índice |
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