São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 1995 |
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Maior vestibular do país dispensa inteligência
MARIANA SCALZO; PAULO GRAMADO
Enfrentar horas de gravação, tomar conta de criança, cuidar do corpo, evitar olheiras e ser "carinhosamente" chamada de pastel, sorvetão ou jujuba. A contrapartida é aparecer na TV, ganhar bem e ficar famosa. Desde fevereiro, 2.500 garotas pesaram os prós e contras e decidiram encarar o vestibular mais concorrido do país —500 candidatos por vaga. Tudo isso para ser uma paquita, a versão dos anos 90 para as famosas chacretes. Como as loirinhas de Xuxa, elas animavam o programa, ajudavam na produção, cantavam e dançavam de shortinho. Os testes incluem canto, vídeo, responder a um questionário de Marlene Mattos, avaliação de inglês ou espanhol, análise psicológica e, claro, desfile de biquíni. O novo grupo será "uma coisa meio Bennettton, com aquelas mistura de cores", diz Osvald Berry, coreógrafo da Xuxa. A idéia é incluir morenas e negras à turma (leia texto ao lado). Vanessa de Oliveira, 13, finalista, veio de Guaratinguetá com a mãe, Sueli Machado de Oliveira, 39, auxiliar de serviços gerais. "Faltei ao trabalho de novo. Viemos e voltamos no mesmo dia. Ela sonha com isto desde os seis anos", conta Sueli. Com 1,57m e 45Kg, Vanessa já faz parte de um grupo de "paquitas cover", em sua cidade. Assim que soube da classificação, Sueli avisou a família. "Se a Vanessa se tornar paquita, vai desfilar pelas ruas de Guará em carro aberto", sonha a mãe-coruja. "Me vejo no lugar de vocês porque também comecei assim. Para ter um programa, sempre corri atrás deste sonho. Por mais malucos que sejam seus sonhos, não desistam nunca. Vi o vídeo de vocês, todas são muito bonitas. Mas quem tiver que chorar vai chorar ou então vai sorrir." A "força" foi da própria Xuxa, que assistiu em vídeo todos os testes. Para quem está prestes a deixar o "Xuxa Park" o sacrifício valeu a pena. Ana Paula Martins de Almeida, 18, a "Pituxita Bonequinha", é paquita há oito anos. "Consegui realizar meu sonho de conhecer a Xuxa. Adoro o que faço. Tudo que tenho devo ao meu trabalho. Comprei apartamento, carro, posso dar um monte de presentes para a minha mãe." "Estou de férias, mas mesmo assim tenho que ficar à disposição. Pode aparecer um comercial ou alguma gravação. A Marlene (Mattos, diretora) é superexigente", conta Ana Paula da Cunha Guimarães, 21, a "Catu". Além de todo o trabalho, as paquitas também precisam estudar. Juliana Riva Barone, 16, a "Catuxa Jujuba", está no segundo colegial e afirma: "Conciliar estudo e trabalho é difícil. Não há um acompanhamento pela produção, mas a Marlene vive dizendo que é importante." Próximo Texto: 'Veteranos' sentem saudades Índice |
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