São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Senador acusado de narcotráfico se afasta da direção do Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Ernandes Amorim (PDT-RO), suspeito de envolvimento com o narcotráfico, pediu ontem licença de 60 dias do cargo de 4ª secretário da Mesa Diretora do Senado Federal. Ele disse que tomou a decisão para "evitar constrangimentos" à investigação.
Amorim se disse "decepcionado" com o Senado. Também disse que não seria candidato se soubesse da "bateria" de denúncias que enfrentaria —envolvimento com comércio de drogas, desacato a autoridades e contrabando de minérios, entre outras.
O senador foi indicado para ocupar a 4ª secretaria pela líder do PDT, Júnia Marise (MG). Depois, o plenário o elegeu na mesma eleição que conduziu o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) à presidência da Casa.
No dia seguinte, a imprensa noticiou que a Enciclopédia Britânica havia publicado que Amorim, ex-prefeito de Ariquemes (RO), integrava uma rede de narcotráfico no seu Estado. E que a CPI do Narcotráfico da Câmara, em 91, acusou o senador de várias atividades ilícitas.
O PSDB e o PT do Senado pediram a Sarney providências contra Amorim. O presidente do Senado encaminhou representação ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
O STF autorizou a Polícia Federal a abrir inquérito contra o senador, e a CCJ aprovou parecer determinando que Amorim seja processado pelo Senado por quebra de decoro parlamentar. O parecer ainda será votado pelo plenário.
A ex-mulher de Amorim, Hélia Santana —presa na Bahia acusada de tráfico e uso de droga— acusou o marido de ter enriquecido com comércio de drogas.
Sarney vinha pressionando Amorim a afastar-se da Mesa, mas o senador não concordava. Mudou de idéia, segundo ele, por causa da "insistência" da Mesa em pedir a apuração das denúncias.
"O 4º secretário não faz nada, mesmo. Tudo é briga por status", afirmou.
Amorim disse que vai dedicar-se à CPI da Mineração —cuja criação foi pedida por ele—, que terá hoje sua primeira reunião, para escolher o presidente e o relator. Amorim nem integra a CPI, mas está brigando por uma vaga.
O senador acha que a CPI vai "desdizer" a CPI do Narcotráfico, ao investigar a atividade da mineração no Brasil.
Segundo a Mesa Diretora, a 4ª secretaria do Senado ficará vaga, porque Amorim pediu licença por 60 dias e só há substituição quando o afastamento supera 120 dias.

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