São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995 |
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Consulta às associações de pais é recorde depois de MP
BETINA BERNARDES
"De 87 para cá, não houve momento mais crítico do que agora em março", diz Mauro Bueno, presidente da Aipa (Associação Intermunicipal de Pais e Alunos). "Está terrível, desde a época do Plano Cruzado não vejo movimento tão intenso", afirma Hebe Tolosa, presidente da Apaesp (Associação de Pais e Alunos do Estado de São Paulo). O presidente da Aipa afirma que a associação recebeu, em quatro plantões de atendimento, reclamações sobre 220 escolas no Estado de São Paulo. "A semana passada fechou com uma fila de 26 grupos de pais esperando o atendimento para entrar na Justiça." Tolosa diz que a associação recebe cerca de 50 telefonemas diários. "Para atendimento pessoal, 40 pais nos procuram por dia." A principal dúvida é o reajuste das mensalidades. As escolas que aumentaram mais que o permitido pela MP 932 (veja quadro ao lado) argumentam que seguem os contratos. Os pais dizem que não tiveram reajuste salarial compatível com os aumentos. "Meu reajuste foi de 26% e a mensalidade do meu filho aumentou quase 70%", diz o administrador de empresas Eduardo José Honorato, 47. "Estava difícil antes, mas agora ficou desastroso." Honorato tem dois filhos, um no Bandeirantes e outro no Anglo Latino. A mensalidade do 2º grau no Bandeirantes passou de R$ 294,00 em fevereiro para R$ 498,00 em março. "Fico revoltado, me sinto impotente para enfrentar a situação", afirma Honorato. Ele diz que, após o Plano Real, os aumentos salariais seguem rigidamente o previsto em lei e qualquer custo adicional afeta o orçamento. Para pagar as mensalidades, o administrador diz que pediu adiantamento de férias e recorreu ao 13º salário. "A gente vive para dar estudo e alimentação aos filhos, investe neles na esperança de um futuro melhor." Honorato chegou a pensar em tirar o filho da escola. "A qualidade do ensino público é baixa e o processo de mudança de colégio é muito doloroso." Colocar os filhos em outra escola é a resposta que os pais costumam ouvir quando protestam contra os aumentos. Na última sexta-feira, um grupo de mães de alunos do Externato Nossa Senhora do Morumbi discutia o assunto. Elas aguardam uma reunião com a direção do colégio. A maior indignação das mães, além do aumento dos preços, é em relação à falta de diálogo do governo e das escolas com os pais. "Nós pagamos os impostos, pagamos os colégios e nunca somos ouvidos quando se resolvem as mensalidades", diz a mãe de uma filha no primário do externato. Texto Anterior: Empresário é preso por falsa propaganda Próximo Texto: ENTENDA O QUE DIZ A NOVA MP DAS MENSALIDADES Índice |
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